Câmara retoma debate sobre reforma política nesta terça-feira

By | 08/08/2017 2:58 pm

Felipe Frazão e Isadora Peron, O Estado de S.Paulo

08 Agosto 2017 | 10h36

A Câmara dos Deputados se prepara para retomar nesta terça-feira, 8, o debate sobre a reforma política. A expectativa é de que os parlamentares enxuguem o relatório apresentado pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP) e articulem a aprovação do chamado “distritão”, sistema eleitoral onde os candidatos mais votados ao Legislativo são eleitos.

Vicente Cândido
Deputado federal Vicente Cândido (PT-SP) é o autor do relatório sobre a reforma política Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

A proposta não foi incluída no relatório do petista, mas deputados discutem apresentar um voto em separado para aprovar a proposta já na comissão especial que discute o tema. O colegiado tem reunião marcada para as 14h.

O texto paralelo está sendo capitaneado pelo deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) e conta com o apoio de outros integrantes da comissão, como a deputada Renata Abreu (Podemos-SP) e o líder do PP na Câmara, Arthur Lira.

O grupo favorável à proposta deve se reunir nesta terça-feira para definir a estratégia a ser adotada: se levam um relatório paralelo à comissão ou se aceitam o do petista, com a ressalva de discutir uma emenda no plenário alterando para o distritão o sistema eleitoral, o que já vinha sendo debatido nos bastidores.

Durante a fase elaboração de seu voto, o relator, que propõe manter as regras atuais no ano que vem e adotar o sistema distrital misto (com mais votados e lista pré-ordenada) a partir de 2020, rejeitou uma sugestão de Pansera para adotar o distritão, mas que não o estabelecia como regra transitória apenas para 2018, o que deve ser feito agora.

De maneira geral, os deputados criticam o parecer elaborado por Vicente Cândido por considerá-lo muito amplo e defendem que o a reforma política, que tem de ser aprovada na Câmara e no Senado até fim de setembro para valer para as eleições de 2018, tem de focar em duas questões: na mudança do sistema eleitoral e nas regras de financiamento de campanha.

O distritão, porém, não é consenso entre os deputados. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), por exemplo, já manifestou preferir o sistema distrital misto.

Outros deputados também criticam o modelo e afirmam que ele tem como objetivo garantir a reeleição dos deputados atuais, consequentemente, manter o foro privilegiado em meio ao descrédito com a classe política causado por escândalos de corrupção como os revelados pela Lava Jato. “O distritão tem como objetivo congelar o Congresso como está, ou seja, na sua pior configuração”, disse o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ).

Um dos integrantes da comissão, o deputado Orlando Silva (PCdoB-RJ) é contra a ideia de derrotar o texto elaborado pelo relator. Segundo ele, o melhor caminho seria buscar consensos e não simplesmente derrubar um trabalho que vem sendo feito desde março por Vicente Cândido.

Jantar. Outro ponto que também deve gerar discussão é a criação de um fundo público para financiamento de campanha, chamado no texto de Vicente Cândido de Fundo Especial de Financiamento da Democracia (FDD).

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), tem tentado articular uma proposta alternativa para minimizar o impacto nos cofres públicos da criação do fundo eleitoral, estimado em cerca de R$ 3,5 bilhões, usando recursos já existentes do Fundo Partidário (como parte do dinheiro das fundações mantidas pelas legendas) e de emendas coletivas de bancada para cobrir os gastos futuros das campanhas.

Eunício vai oferecer um jantar nesta terça-feira para discutir o assunto com Maia e integrantes da cúpula da comissão da reforma política da Câmara. A ideia é aprovar regras que os senadores estejam de acordo, para que não haja modificação no texto, o que faria com que os deputados voltassem a debater a questão.

Para Vicente Cândido, a discussão “não é viável” e “já foi equacionada” com anuência do líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR). O petista deseja manter a regra que propôs. O presidente da comissão, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), no entanto, acredita que os deputados aceitariam mudar o financiamento das fundações partidárias e “não teriam dificuldade” em abrir mão das emendas coletivas de bancada: “Há muitos anos que não liberavam nenhuma dessas emendas, os deputados já estão acostumados a ficar sem”.

Comentário

Comentário

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *