Comarca de Patos incentiva o Apadrinhamento Afetivo por meio do Projeto Aconchego

By | 05/11/2017 5:12 am

 

(Gabriela Parente, da DICOM) 

 

A Comarca de Patos tem trabalhado para a eficácia do Projeto Aconchego, que busca dar efetividade ao Apadrinhamento Afetivo. O termo é novo, mas tem sido responsável por distribuir amor, atenção e orientação a crianças e adolescentes acolhidos. O Projeto foi instituído pela Portaria nº 01/2017, que disciplina quem pode apadrinhar, quais as responsabilidades dos padrinhos e madrinhas, os limites da convivência e como se dá o vínculo com as crianças e adolescentes em situação de acolhimento institucional.

 

De acordo com a psicóloga Fernanda Brandão, do Núcleo de Apadrinhamento Afetivo Sorriso Infantojuvenil (NAPSI) da 1ª Vara da Infância e Juventude da Comarca de João Pessoa, o apadrinhamento possui um procedimento mais simples e pode ocorrer em três direções – financeira, social e afetiva –  sendo todas importantes para o desenvolvimento das crianças e adolescentes apadrinhados.

 

A psicóloga explicou que o padrinho financeiro é quem se habilita a custear, por exemplo, escola, cursos profissionalizantes, atividades de lazer e prática de esportes do afilhado. Já no apadrinhamento social, há a oferta de uma especialização profissional. Um terapeuta, por exemplo, pode oferecer sessões de terapia; um professor pode ministrar cursos, etc. No caso do apadrinhamento afetivo, o objetivo é criar laços e acompanhar de perto o desenvolvimento do afilhado, podendo fazer visitas, levar a passeios, festas, viagens e até a própria casa por um final de semana.

 

Na Comarca de Patos, no Sertão paraibano, a equipe multidisciplinar da 7ª Vara Mista local (que tem competência para os processos da Infância e Juventude) e os magistrados Hugo Zaher (um dos idealizadores) e Flávia Silvestre (titular da unidade) iniciaram as discussões sobre o assunto no início do corrente ano.

 

O apadrinhamento afetivo também foi regulamentado pela Lei Municipal nº 4.870, de 30 de maio de 2017, que instituiu o Programa, voltado às crianças e aos adolescentes em medidas de proteção, que se encontram em instituições de acolhimento, lhes oportunizando a convivência familiar e comunitária, quando as chances de retorno à família e a possibilidade de colocação em família substituta são remotas ou inexistentes.

 

De acordo com a norma, o Programa de Apadrinhamento Afetivo será desenvolvido pelo Poder Executivo, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar e Poder Judiciário, através da Vara da Infância e Juventude da Comarca de Patos.

 

A juíza titular da unidade, Flávia Silvestre, enfatizou a importância do Programa, por meio do qual muitas pessoas aptas a se tornarem padrinhos e madrinhas poderão oferecer amor e atenção às crianças e aos adolescentes abrigados. “Os padrinhos poderão visitá-los, suprindo-os em suas carências materiais e emocionais. Não se trata de uma solução definitiva, mas ajuda, e muito, na caminhada, até que se encontre um lar para essas crianças e adolescentes”, afirmou a juíza.

 

A magistrada explicou que, diante da realidade de Patos, poderão ser apadrinhadas e beneficiadas com o Projeto Aconchego crianças a partir de três anos de idade, que se encontrem em situação de acolhimento institucional. O padrinho ou madrinha deverá proporcionar sua participação na vida escolar e social do afilhado(a), podendo, também, realizar passeios, ou, até mesmo, viajar, mediante autorização judicial.

 

“O projeto contribui para a participação da comunidade no processo educativo das crianças e adolescentes, conforme preconiza o artigo 92, inciso IX, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Além disso, o artigo 4º determina que a defesa dos direitos da criança e do adolescente deve ocorrer a partir de uma ação conjunta e articulada entre família, sociedade e Estado”, esclareceu a magistrada.

 

Segundo a própria Portaria que regulamenta o Projeto, as pessoas cadastradas para adoção também podem participar, embora o apadrinhamento não vise nem facilite a adoção, que deverá ser realizada na forma legal. Ademais, não é necessário que os interessados em apadrinhar estejam previamente cadastrados no Cadastro Nacional de Adoção (CNA).

 

De acordo com a assistente social da equipe multidisciplinar de Patos, Magneide Dantas, os interessados em colaborar com o Projeto Aconchego  devem realizar, primeiramente, a juntada dos seguintes documentos: cópias de identidade, CPF, foto 3×4 (uma), comprovante de residência, atestado de sanidade física e mental, certidão de antecedentes criminais e declaração de conhecimento de adesão ao Programa pelo padrinho ou madrinha e respectivo cônjuge, se houver.

 

Após entrega dos documentos, os aspirantes a padrinhos/madrinhas passarão por entrevista de sensibilização com a equipe multidisciplinar da Comarca de Patos, na qual receberão informações sobre a forma e os critérios para o apadrinhamento. “Também será iniciado o processo de avaliação técnica do interessado, incluindo visita domiciliar. A última etapa inclui oficinas, com objetivo de aprofundar a discussão sobre apadrinhamento afetivo, papel dos padrinhos e madrinhas, motivações e deveres”, adiantou a assistente social.  A última etapa é o encaminhamento, pela equipe multidisciplinar, dos padrinhos e madrinhas à instituição de acolhimento local, onde serão atendidos pela equipe técnica do serviço. Na ocasião, serão abordados perfis das crianças ou adolescentes pretendidos, estabelecimento de normas e rotinas de execução do projeto e processo de acompanhamento.

 

Magneide explicou, também, que a preparação das crianças e adolescentes acolhidos será ofertada pela equipe técnica da instituição. “É importante assinalar que crianças, adolescentes, padrinhos e madrinhas serão avaliados e acompanhados continuamente no intuito de identificar os benefícios e dificuldades do Projeto”, pontuou.

 

A equipe multidisciplinar da Vara está intensificando a divulgação do Projeto e se encontra em fase de seleção dos inscritos. Apesar das divulgações, inclusive na emissora de rádio local, até o momento, houve poucas inscrições.

 

Equipe multidisciplinar – O Projeto não possui um único coordenador e é gerenciado por todos os membros da equipe, formada pelos assistentes sociais Magneide Dantas, Jaira Lacerda e Marceane Azevedo; psicólogos Gorete Resende e José Luciano Júnior e a pedagoga Talita Medeiros.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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