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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 29/11//2024.
Acompanhando na imprensa o barulho que fizeram os políticos por conta da suspensão do financiamento ao fornecimento dágua pelos carros pipas a gente vê como serviço tem interesse eleitoreiro. Os adversários do governo aproveitaram para criticá-lo por falta de sensibilidade, por deixar o povo morrer de sede. Os correligionários ameaçaram bloquear o trabalho legislativo se não fossem atendidos na sua reclamação pelo reinicio do abastecimento ,através de carros pipa. Mas ninguém apresentou propostas para uma solução definitiva do problema.
E todo mundo sabe que os políticos não querem resolver o problema, para continuar explorando o povão. Afinal quem não sabe das manobras dos prefeitos que deixam de abastecer os adversários, para alguém ir lhe pedir para atendê-los e ganhar votos pelo pretenso serviço?
Organizações não governamentais (ONGs) começaram uma campanha de construção de cisternas individuais que mostrou uma das soluções para o problema. Depois o próprio governo “comprou” a ideia e começou também a financiar as cisternas, inclusive com um melhoramento, as cistenas comunitárias. Mas as cisternas só captam a água da chuva e servem para guardar temporiamente a água dos carros pipas. Mas a primeira função, guardar a água da chuva, se frusta nos anos de seca. Mas há outras alternativas que podem ajudar na solução do problema.
Tivemos uma experiência pessoal, na seca iniciada em 2012. Eu havia iniciado um pomar ao redor da casa de minha granjazinha no Bonfim, mas tinha um poço artesiano que fora dado na administração de Dinaldo Wanderley, já que a granja pertence aos dois municípios. A água era salobra, mas o saudoso Magno Vilar, agrônomo da Empaer, me ensinou como aproveitar a água sem que o sal prejudicasse as plantas. Era abrir um rego com alguma distância da planta e colocar a água cujo sal seria retido pela terra antes de chegar às raízes. Minhas fruteiras escaparam e estão lá viçosas que só. Quando temos água potável a utilizamos, quando não, usamos a salobra.
Uma das saídas para o problema do abastecimento nos períodos secos está aí. O Governo Federal poderia usar órgãos como o DNOCS para fazer um programa de perfuração de poços artesianos comunitários que servissem para as comunidades, utiliizando dessalinizadores nos poços cuja água não fosse potável. Os poços seriam entregues para administração conjunta entre a prefeitura que se encarregaria da manutença do equipamento, e a comunidade que administraria o uso da água. Esses poços poderiam ter ao redor de si uma área de captação da água da chuva que faria a reposição do manancial. Isso nas regiões onde não houvesse açudes ou barragens que garantissem o abastecimento. Isto seria feito com o dinheiro normalmente destinado aos carros pipas, até acabar a mamata dos políticos. As atuais cisternas continuariam a servir para acumular a água dos poços para a utlização imediata. Claro que os sistemas poços/dessalinizadores não seriam construídos em pouco tempo, mas aos poucos iam substituindo a uitilização de carros pipas, que passariam a ser administrados pelos próprios municíipios, até se tornarem desnecessários.
Fica aí a ideia para os senhores políticos, se é que eles vão abrir mão do seu gosto pela politicagem do “toma-lá-dá-cá”. O que acho muito difícil! Só quando um dia nos livrarmos da corja que nos representa aí!