(MARCELO VIEIRA DE NEGREIROS, no Blog do Negreiros, em 29/11/2024)
Rociberg Leandro
A ingratidão, tão bem retratada nos “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos como uma companheira inseparável, (veja Vídeo) parece ter atingido a memória de Gerlando Primo, magnânimo empresário da inesquecível Rede de Supermercados Primo. A ausência de registros na imprensa paraibana, incluindo a de Patos, sobre sua partida para a eternidade reflete um esquecimento que não faz jus à sua importância para a cidade.
Gerlando foi um verdadeiro exemplo de cidadania e espírito humanitário. Sempre disposto a ajudar quem lhe procurava, ele gerou empregos e riquezas por meio de suas atividades econômicas, especialmente na Rede Primo. No entanto, como tantas empresas brasileiras, seu negócio foi afetado pela política de juros altos, que inviabilizou suas operações e levou ao fechamento da rede. Ele se tornou mais uma vítima desse modelo econômico implacável que arrasta empresas e empresários para o abismo.
É um dever de consciência pública reconhecer sua trajetória vitoriosa e o legado de amor e solidariedade que Gerlando deixou. Mas, como tantas vezes ocorre, a história se encarrega de esquecer os bons.
A Prefeitura de Patos, por meio do prefeito Nabor Wanderley, deveria ter prestado uma homenagem oficial à altura de seu legado. Além disso, a Câmara Municipal poderia denominar uma das novas avenidas da cidade com seu nome, perpetuando a memória de alguém que tanto contribuiu para o desenvolvimento de Patos.
É lamentável que seja necessário cobrar dos representantes políticos o mínimo de reconhecimento a figuras que fizeram a diferença na história da cidade. Gerlando Primo merece mais do que o silêncio. Ele merece ser lembrado como um exemplo de cidadania, empreendedorismo e generosidade.
Comentário nosso – Sou suspeito para falar sobre Gerlando, pela amizade pessoal que me une à familia. Mas Marcelo Negreiros resume bem o que deve ser lembrando dele: “a cidadania, o empreendorismo e a generosidade”. Lembro-me do dia em que ele, Giusepe e o pai Zé Primo entraram na agência do Banco do Brasil para firmarem o financiamento que tornaria possível a aquisição do Supermercado Comprebem, que se tornaria o primeiro da rede de supermercados que chegou a onze estabelecimentos, os outros dez em João Pessoa. Como o negócio que estavam fazendo já era conhecido na cidade, perguntei naquela oportunidade ao velho sertanejo se era verdade e ele me respondeu: “Os meninos estão querendo e eu vou enfrentar!” E assim aconteceu. Era a marca do empreendedorismo. De sua generosidade tiveram prova todos que dele precisaram, em Patos, na sua Santana de Garrotes ou em João Pessoa. Deu emprego a muita gente e ajudou quem precisava e lhe pedia. E de sua cidadania toda a cidade de Patos é prova, pois era apaixonado pela nossa cidade e fazia tudo que podia para ajudar no que fosse possível. Meio isolado e meio esquecido no final da vida, deixou, entretanto, entre os seus verdadeiros amigos a lembrança de um amigo de verdade em todas as ocasiões. Para os irmãos remanescentes (Magela, Gilmar e Lúcia), para os filhos, principalmente para Gerlandinho, amigo de infância de meus filhos, e para a a esposa Irene, vizinha nossa por quinze anos, as nossas sentidas condolências. (LGLM)