Barrados no baile

By | 22/01/2025 5:16 pm

Editorial em 21 de janeiro de 2025, do jornal Notícias da Manhã, da rádio Espinharas FM de Patos

(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, professor universitário e poeta)

Ontem, enquanto Donald Trump assumia seu retorno político em um evento repleto de pompa e circunstância no Capitólio, algo digno de roteiro de comédia americana aconteceu: Michele e Flávio Bolsonaro, nomes estrelados da política brasileira, foram barrados no baile. Sim, literalmente. Enquanto tentavam entrar no seleto grupo de convidados de Trump, acabaram encontrando a porta fechada. Não havia “jeitinho brasileiro” que resolvesse ali.

A cena quase parece saída de uma sitcom. A ex-primeira-dama, com seu ar sempre sereno, e Flávio, provavelmente ajustando a gravata, tiveram que encarar a realidade: nem mesmo no playground trumpista a “família” Bolsonaro é mais tão VIP assim. Duro golpe, especialmente para Jair Bolsonaro, que, do conforto do exílio, viu sua ausência na festa ser ofuscada pelo vexame dos familiares. Dizem que um suspiro frustrado foi ouvido em Orlando – e que ecoou até nos ouvidos dos poucos imigrantes brasileiros que ainda acreditam no sonho americano.

Trump, em sua pose habitual, voltou a empunhar discursos nacionalistas e críticas ao globalismo, que, como de costume, são música para os ouvidos do clã Bolsonaro. O impacto de seu discurso, no entanto, pode ressoar aqui no Brasil como mais um sinal de alerta: reforça a polarização e a narrativa de que existe uma guerra entre “patriotas” e “inimigos da liberdade”. Um déjà vu que o Brasil conhece bem e que, diga-se de passagem, já encheu a paciência de muita gente.

Enquanto isso, na internet, os memes não perdoaram. O famoso “quem nunca?” circulava em tom irônico, junto a comparações com adolescentes barrados na entrada de uma balada. Até os que apoiam Trump parecem ter gargalhado da situação, como se fosse um recado indireto: “Fiquem aí na fila, amigos, porque a América não é tão ‘great again’ para vocês.”

Resta saber se os Bolsonaro darão a volta por cima ou se serão lembrados como os personagens coadjuvantes dessa tragicomédia política. Uma coisa é certa: o baile continua, mas os holofotes estão longe de iluminar a família como antes. E, cá entre nós, às vezes é melhor ser barrado do que estar lá dentro, dançando conforme a música descompassada de Trump.

*Eu sou Misael Nóbrega e esse é o jornal “Notícias da Manhã”, da rádio Espinharas FM.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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