As mensagens foram incluídas no pedido enviado pela PF à Justiça Federal para realizar cumprimentos de mandados de busca e apreensão na segunda fase da Operação Outside. Deflagrada nesta quinta-feira (3/4), a ação investiga indícios de fraude em licitação e desvio de recursos públicos federais repassados a Patos para realização de obra. Foram cumpridos quatro mandados, um deles realizado contra a servidora de Patos que atuava como “ponte”, segundo a Polícia Federal.
A primeira fase da operação da PF ocorreu em 12 de setembro. Conforme revelou a coluna na ocasião, a obra que está no centro da investigação, no valor de R$ 6 milhões, foi bancada com recursos do Orçamento Secreto apadrinhados por Hugo Motta. Apesar de ser citado na representação da PF, o parlamentar, contudo, não está entre os investigados.
Segundo a PF, a servidora utilizou o cargo de coordenadora do Núcleo de Convênios da Secretaria de Infraestrutura de Patos para favorecer a Engelplan, no âmbito da administração pública municipal, especialmente em relação ao contrato de execução das obras de restauração da Alça Sudeste e da Avenida Manoel Mota, popularmente conhecida como Alça Sudoeste, em Patos. Essa é a obra que foi bancada com verba pública direcionada por Motta. A atuação da servidora incluia o repasse de informações privilegiadas e o tratamento diferenciado à empresa.
Conversas de WhatsApp entre a servidora e o empresário mostram como a servidora pública forneceu informações privilegiadas para que a Engelplan ganhasse a licitação. Na sequência, após o início das obras, novas mensagens revelam que um aditivo foi adicionado ao contrato e que a servidora intermediou a aceleração do repasse.
“Para resolver o impasse, ela informou que já havia acionado ‘Paulinho’, assessor do deputado Hugo Mota, em Brasília, e que o prefeito Nabor Wanderley também estava envolvido”, descreveu a Polícia Federal, no documento obtido pela coluna. O assessor citado na mensagem é Paulo Vinícius Marques Pinheiro, secretário parlamentar de Hugo Motta.
“Nabor Wanderley teria relatado que um depósito de R$ 411 mil havia sido feito na conta da Alça, mas se tratava de um convênio equivocado enviado por Hugo Mota. A servidora confirmou que já havia comunicado ‘Paulinho Pinheiro’ sobre a necessidade de correção junto ao Ministério. Em meio a essa situação, o empresário questionou se a servidora preferia que ele mesmo encaminhasse a mensagem ao prefeito Nabor Wanderley ou se ela faria isso diretamente”, prosseguiu a Polícia Federal.
A assessoria de imprensa de Hugo Motta informou que o parlamentar não irá comentar. A coluna enviou mensagens para o empresário e para a servidora, mas não houve retorno. A Prefeitura de Patos (PB) também não respondeu.
Comentário nosso – Não vamos prejulgar ninguém. Por isso evitamos citar nomes de alguns citados na matéria, já que os fatos podem não vir a ser confirmados ao final de um possível processo penal. (LGLM)