(José Augusto Longo, no Patos Online)
Independente dos fatores que influenciaram, ou não, a atitude de nossos eleitores, o certo é que Patos deu, nesse primeiro turno, um banho de sabedoria.
Sem levar em consideração a forma de como foi feita cada campanha, se rica de meios financeiros ou de modo quase que franciscano, o nosso eleitor soube distribuir seu sufrágio, beneficiando a cidade que, nos próximos quatro anos contará com uma representação em nível de Estado e Brasil, em tese, muito bem qualificada. Soube o nosso eleitor agradecer serviços já prestados, assim como projetar novos nomes que poderão trazer bons frutos à nossa sociedade, desde que as apostas feitas sejam correspondidas pelos eleitos.
Com um primeiro mandato proativo, apesar da juventude e da inexperiência com que chegou ao Congresso Nacional, Hugo Mota pareceu-nos ter nascido talhado para o desempenho parlamentar, demonstrando coragem e determinação na busca de benefícios para Patos e região. Fez, nesses quase quatro anos com que os nossos eleitores, de uma vez por todas, entendessem que nunca mais poderemos passar sem a nossa representação na Câmara, eliminando – como foi o caso desta eleição – e barrando todos “os malas”, indistintamente, que por ventura tentem, ainda, ludibriar a nossa consciência, trazidos aqui por quem quer que seja. O basta foi dado, o exemplo somente, de agora em diante, precisa ser seguido.
O único senão, ainda, é a pulverização de votos retalhados entre dezenas de outros candidatos de somenos importância, coisa que, na verdade, seria impossível de corrigir, haja vista ser esta uma cidade polo, pra onde convergem pessoas de todos os recantos do Estado, daí ser inevitável tal pulverização. Mas, o importante é que a nossa imensa maioria entendeu que Hugo deu certo e como tal deve continuar. Esperamos somente, que ele, ao reconhecer o recado do eleitor, saiba também agradecer, traduzindo em mais trabalho os milhares de votos de confiança que recebeu. E eu, particularmente, acredito nisso.
A nossa representação estadual deve voltar a ter visibilidade política, com nomes de expressão em sua composição, não há porque negar, que depois das aposentadorias por morte ou outros fatores de Gayoso, Edvaldo, Múcio e Gilvan – não sei se estou esquecendo de mais algum – e de Francisca Mota, nos últimos tempos, Patos andou meio órfão lá pras bandas da Assembleia. Claro que outros deputados por lá estiveram, a exemplo de Edna Wanderley e Mineral, mas que, no entanto, não conseguiram aparecer favoravelmente, frustrando perspectivas. Dinaldo que, na certa, tinha bagagem suficiente para aparecer bem, teve o mandato interrompido prematuramente e nada pode fazer.
Ao eleger Nabor e Dinaldinho, Patos disse claramente o que quer. Primeiro evitar que a política patoense vire samba de uma nota só, onde todas as iniciativas tenham que partir das mansões do Vilas do Lago – que muitos já batizaram de Ilha da Fantasia – e em segundo, que a oposição é um fator preponderante para que se mantenha, pelo menos, uma certa isonomia, no que tange a expressão dos interesses locais. Entenderam os patoenses, que já demanda algum tempo que o PMDB comanda de rédeas soltas o nosso município e que tal procedimento, sem que haja uma oposição responsável e atenta, tem feito com que a administração vire propriedade de quem a comanda. É possível que, a eleição de Dinaldinho, traga os vereadores que deveriam ser de oposição de volta às suas obrigações partidárias, não impedindo, é claro, que estes vereadores possam aprovar matérias oriundas do Executivo, desde que discutidas com responsabilidade, ao contrário que hoje ocorre, onde todas elas, indistintamente, são aprovadas a toque de caixa.
Nabor, que aproveitou a proximidade familiar com a atual prefeita para formar certa liderança que somente será comprovada ao longo do tempo, levará para a Assembleia uma bagagem expressiva de experiência após oito anos de gestão como Prefeito e mais dois como có-piloto, além de ser pai de Hugo que, mesmo jovem, pode muito bem lhe repassar certos macetes já adquiridos no Parlamento. Teve uma votação extraordinária, mas, para tanto devemos levar em consideração, além da imagem positiva que construiu junto ao povão ao longo do tempo, o montante de dinheiro investido numa campanha que beirou o absurdo pela esnobação, onde as carreatas se sucediam, a rica propaganda tomava todos os recantos da cidade e até mesmo os mais simples recados, eram levados por uma das inúmeras hilux de último tipo, que deram status de milionária toda a campanha.
Dinaldinho, o nosso outro representante eleito, deixa no ar uma boa perspectiva para a política local. Depois de lutar contra a máquina oficial na eleição pra prefeito, onde perdeu por pouco mais de cinco mil votos, reafirma agora, novamente sem nenhum apoio oficial, que pode se transformar na tão sonhada liderança que venha se contrapor àqueles que há dez anos estão no poder e que precisam, para o bem de Patos e deles próprios, de alguém que lhes faça o contraponto tão necessário em toda democracia que se presa.
Portanto, Hugo, Nabor e Dinaldinho, com o respaldo significativo do seu povo, têm a competência necessária e por que não dizer a obrigação para, em conjunto ou isoladamente, muito fazerem por Patos, que em pleno boom de desenvolvimento, deles muito vai necessitar.
Quanto ao resultado de primeiro turno para o governo do Estado, com a inimaginável maioria de Ricardo sobre Cássio, de quase dez mil votos, temos muito tempo para comentar. Goleada por goleada, eu ainda estou tentando me acostumar com aqueles sete a um da Copa.