(José Augusto Longo, no Patos Online)
Incansável batalhador pela melhoria sanitária do Matadouro Municipal de Patos, o tenente Bezerra, oficial reformado da Polícia Militar que, por residir em suas proximidades e testemunhar de perto o problema, vinha, há anos, gritando, denunciando em emissoras de rádio e até mesmo no Ministério Público, o total abandono a que o órgão estava relegado, sem que até então nenhuma providência fosse tomada, vê, agora, o seu esforço premiado.
Bezerra, insistentemente fotografou, filmou, transpôs fronteiras com as suas reclamações, conseguiu por algum tempo a interdição pela Justiça, oportunidade em que apenas uma “meia sola” foi feita no local, onde até um “magarefe” foi fatalmente eletrocutado graças ao péssimo estado nas instalações elétricas, parecia que iria continuar, por muito tempo, pregando no deserto. Mas, apesar do que prenunciava ser uma luta inglória, o que menos deixava transparecer no comportamento do combativo Bezerra era que desistiria da empreitada. Ante o total imobilismo da Câmara Municipal, a quem caberiam as denúncias, e dos coniventes setores de vigilância sanitária que pouco agiam em benefício da população consumidora de carnes, transformou-se em defensor intransigente daquele que era, realmente, um sério problema de saúde pública.
O nosso abatedouro de animais, construído, ainda, na administração do ex-prefeito Bivar Olintho, graças a Projeto de Lei do então vereador Abdias Guedes – naquele tempo, a legislação permitia que vereador apresentasse projetos que ocasionassem despesas para o município -, até bem poucos dias, nunca tinha passado por reformas estruturantes, que o capacitasse ao crescimento da população, nem muito menos às exigências sanitárias hoje muito mais acuradas.
Desde a administração de Nabor Wanderley, que o Matadouro vinha sendo gerido pela Secretaria de Agricultura, na pessoa de Sebastião dos Santos Lima, que sempre deu desculpas amarelas, promoveu pequenos reparos, mas, de efetivo e proveitoso mesmo, nada fez. Sempre se alegou falta de recursos e até uma proposta de privatização houve, sem que, no entanto, fosse colocada em prática.
Os animais continuavam sendo abatidos sem o mínimo critério, as carnes eram dissecadas em ambiente totalmente fora dos padrões técnicos e até mesmo o transporte do produto para o Mercado Juvino Lilioso, era feito sem os padrões de higiene. Além de tudo isso, os funcionários trabalhavam sem a mínima proteção e sem o devido fardamento, expostos a toda sorte de contaminação, enquanto cães e gatos se misturavam aos que lá trabalhavam, aumentando, ainda mais o risco de transmissão de doenças aos consumidores das carnes ali produzidas. E, para piorar a situação dos que residem no entorno, um tal de “piscinão”, mantido a céu aberto e sem nenhuma proteção, enchia o ambiente com seu odor fétido, proveniente do sangue escorrido do próprio matadouro.
Ocorre que, finalmente, a Edilidade acordou para o problema e a prefeita Francisca Mota, numa certeira canetada, exonerou os que lá se perpetuavam há dez anos indiferentes ao problema, e procedeu a mudança que o tenente Bezerra e toda a sociedade almejavam: nomeou para o cargo o empresário Flaviano Resende, herdeiro de uma família de açougueiros e revendedores de carnes e, portanto, competente profissional do ramo.
De repente, mais que de repente, o dinheiro que antes faltava para as reformas, apareceu como que milagrosamente e, mesmo no que pese os pouco mais de três meses de atuação, Flaviano já demonstrou que, com os próprios recursos, o Matadouro tem condições de sobreviver, e o que é melhor, promovendo todas as mudanças e reformas que se faziam necessárias.
Dentre os serviços já realizados, podemos destacar a pintura total e higienização de todo o ambiente, economia de 50% no consumo de água, total revitalização da parte elétrica, seriamente comprometida e que já havia proporcionado a morte de o trabalhador, locação de dois veículos apropriados para o transporte de carne, com carroceria de fibra e refrigeração, fardamento completo para todos os funcionários, melhorias no armazenamento de sangue, no chamado “piscinão”, com a diminuição do mau cheiro oriundo do local, contratação de mais médicos veterinários, bem como a instalação de 16 câmeras de vigilância, que cobrem todos os setores do prédio, fornecendo dados em tempo real, afora outros.
Com estas providências iniciais que já colocam o nosso Matadouro Municipal como apto para o exercício do fornecimento de carnes para o nosso consumo diário dentro das mais rígidas normas de higienização, Flaviano Resende, que se declara apenas um colaborador da prefeita Francisca Mota e não um funcionário da Prefeitura, demonstra, claramente, que quando se emprega com responsabilidade o dinheiro público, ele rende e dá bons frutos. Um órgão da Prefeitura que há dez anos se mostrava ineficiente, sob a alegação de que faltavam recursos para as melhorias que necessitava, chegando ao ponto de ser até interditado pela Justiça, em poucos meses renasce das cinzas, ou melhor, da imundice. Agora anda com os próprios pés, vive, e bem – como demonstram os fatos -, de sua própria receita, tornando-se confiável para a coletividade consumidora do produto que gera.
Mesmo tendo demorado a tomar a medida que tomou, com a nomeação de Flaviano Resende, a Prefeitura está de parabéns, pois, como diz aquele velho ditado: “antes tarde, do que nunca”. De parabéns também estamos nós, que até bem poucos dias comíamos uma carne de procedência duvidosa e muito mais ainda está o combativo tenente Bezerra, que na batalha pela revitalização do Matadouro Municipal, que durou alguns anos, viu reconhecido o seu esforço.
Valeu tenente! Um a zero pra você!
(josaugusto09@gmail,com)
Comentário do programa – Auspiciosa a notícia de que nova direção está mudando a feição do Matadouro Público, o que preocupava a todos nós, é tanto que mais de uma vez ecoamos aqui as denúncias do tenente Bezerra, não pelo simples fato de ser primo nosso. Com relação à atuação de Sebastião não podemos perder de vista os melindres que cercam um secretário com as limitações impostas pela política. Muitas das mudanças necessárias implicavam contrariar interesses o que sempre tem implicações eleitorais. Um estranho à máquina, como se diz Flaviano, tem mais em vista a atividade econômica, de que é interessado direto, do que as querelas políticas de que não é partícipe, embora certamente correligionário da prefeita. Tal isenção não se pode exigir de quem participa diretamente da administração e não pode perder de vista os interesses partidários, além das implicações financeiras de medidas corretivas que se faziam necessárias. Aliás, o caminho para o Matadouro Público talvez seja a sua privatização. De que a entrada de Flaviano talvez seja o primeiro encaminhamento. (LGLM)