A vez agora deve ser do mercado

By | 15/11/2014 6:45 pm

(José Augusto Longo, no Patos Online)

Conhecendo como conheço a prefeita Francisca Mota e sabendo dos seus propósitos de encerrar com honras o seu vasto currículo político com o qual iniciou, não sei mesmo se por vontade própria, a árdua tarefa de administrar a cidade que abraçou como sua, tenho certeza de que ela deve estar sentindo um misto de alegria e arrependimento, pelo excelente trabalho que vem desenvolvendo há menos de quatro meses à frente do Matadouro Municipal, o empresário Flaviano Resende. Alegria por constatar que, finalmente, encontrou o nome certo para aquele posto e arrependimento, quem sabe, por, atendendo, talvez, a imposições políticas por parte do seu grupo, ter mantido os mesmos inoperantes gestores por dez anos em sua direção.

O fato é que, mesmo cuidando de seus afazeres particulares, Resende provou que, quando se tem compromisso sério com o emprego do dinheiro público, assim como conhecimento de causa, este rende e dá os frutos que a sociedade sempre esperou dos que são responsáveis pelo seu manuseio.

A mim não cabe analisar o por que de tanta inércia, de tanta preguiça, de tanta indiferença, quanto ao resguardo, sobretudo da saúde dos consumidores da carne produzida em nosso único abatedouro e até mesmo com a integridade física dos que lá trabalham. Também não me interessa acusar quem quer que seja, nem muito menos indagar, ou demonstrar  preocupação em saber para onde ia o dinheiro que se alegava faltar e que agora dá e sobra para a sua manutenção, aí destacando-se as melhorias já verificadas que são muitas, e que põe definitivamente fora de foco, as constantes reclamações de usuários, à frente o indomável tenente Bezerra que, correndo todos os riscos, chamou para si a responsabilidade de fazer denúncias até mesmo na Justiça, e depõe, não podemos negar, contra o amadorismo dos que lá estiveram durante todos estes anos de letargia administrativa.

O sentimento que nos move, na tentativa de colaborar com a cidade de Patos, é voltar a sugerir à prefeita municipal, que proceda, pelo bem do seu próprio mandato, uma reforma, pelo menos pontual, em alguns setores da administração, escolhendo nomes certos e compromissados com a coisa pública, além de capazes profissionalmente para gerir os mais diversos órgãos sob seu comando. Na prefeitura já há alguns nomes certos em lugares certos e, por terem como meta os anseios populares, desempenham a contento as missões para as quais foram designados, podendo ser citado, com a máxima isenção, o secretário Raniere Ramalho, que desde muito vem dando exemplo claros de que, com boa vontade e disposição para o trabalho, pode, mesmo com os parcos meios de que dispõe, atender os reclamos da comunidade. Há ainda outros, dentre estes a própria secretária Ilana Mota que, no que pesem os problemas acarretados pelos programas de saúde pública no Brasil e talvez por ser filha da prefeita e zelar por sua biografia, vem desempenhando – acho eu -, a contento, as ações à frente de sua Pasta, fazendo verdadeiro malabarismo para atingir as metas programadas. Podemos incluir neste rol, também, o vereador licenciado Marcos Eduardo, que, à frente da STTRANS e com o número reduzido de agentes de trânsito com que conta, vem, sem alardes e sem o exagero midiático de antecessores seus, realizando um serviço convincente, na tentativa quase inglória, de melhorar a fluidez do nosso caótico trânsito.  Pode haver outros, mas, por desconhecer suas virtudes, peço mil desculpas por não enumera-los.

Na verdade, a política tem visivelmente atrapalhado a atual administração. Compromissos assumidos partidariamente têm trazido sérios prejuízos ao trabalho da nossa prefeita que, caso consiga se  desvencilhar agora, depois da reeleição de Hugo Mota, para a Câmara federal e a eleição de Nabor Wanderley para a Assembleia Legislativa, da interferência, mesmo que indireta de ambos, pode alavancar a administração, que deles apenas dependerá, a partir de janeiro, dos recursos  que consigam trazer para que ela possa, quem sabe, com uma equipe reestruturada e isenta de influências, pôr em pratica o que prometeu em campanha até porque contará também, com a benfazeja aliança com o governo do Estado, fruto do apoio dado em Patos à reeleição de Ricardo Coutinho, no segundo turno. Claro está que a política sempre exerceu e exercerá influência em todas as administrações, no entanto, necessário se faz profissionalizar alguns setores, sobretudo aqueles que cuidam diretamente da saúde e do bem estar da população.

Depois de saneado o Matadouro Público, com o exemplo que vem deixando o seu atual gestor, há outros “calos” vinculados à saúde pública,  que precisam ser tratados tal qual o nosso abatedouro, já que geram recursos que,  está provado, não vêm sendo aplicados em seu próprio benefício ou até mesmo mal empregados, como nos casos dos nossos dois mercados. Depois da ampla reforma procedida na administração Dinaldo Wanderley, o chamado mercado velho ganhou nova cara e novo nome, passando a ser batizado de “Centro Comercial Darcílio Wanderley”, necessitando, hoje,  apenas, de alguns serviços de modernização e manutenção. Enquanto isso o Mercado da Carne, batizado por Lei de minha autoria, quando vereador, em justíssima homenagem prestada ao empresário Juvino Lilioso, deixa muito a desejar em todos os seus aspectos de higiene. As instalações sanitárias são péssimas, a higienização e limpeza, idem, as tarimbas de carne e peixe são moradias de insetos danosos a saúde humana, a iluminação é precária, não há câmaras  de segurança espalhadas por suas dependências, não há policiamento sistemático no local que passou a ser palco de crimes e até de mortes, enfim, a sujeira compromete, a fedentina  chega a ser quase insuportável e tudo isso clama por providências que podem vir, desde que haja critério administrativo com o emprego da arrecadação que não é de se jogar fora, em seu próprio benefício.

Talvez, quem sabe,  nem seja preciso mudar de administradores nos nossos mercados, apenas recicla-los. O que necessita mesmo, e urgentemente,  é de uma mudança de critérios, onde o planejamento seja feito e o dinheiro arrecadado dos impostos e taxas  empregado exclusivamente onde é produzido.

As mudanças procedidas no matadouro deixaram a população alerta e disposta a “brigar” por melhorias, também, em nossos mercados, e tenho certeza que outros Flavianos devem andar por ai doidos por uma oportunidade para mostrar serviço.

(josaugusto09@gmail.com)

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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