(Folha da quarta)
A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta terça-feira (23) a indicação de 13 ministros que vão compor o primeiro escalão em seu segundo mandato, que começa a partir de janeiro.
Após intensas negociações e até reclamações públicas de dificuldades para chegar a definições de nomes, a petista estabeleceu o espaço do PMDB, PSD, PC do B, PRB,
A expectativa é de que a nova formatação da Esplanada dos Ministérios seja concluída na segunda-feira (29), quando novas medidas econômicas também podem ser anunciadas. Ainda faltam 22 nomes.
Com as indicações, Dilma mostrou que uma das preocupações para o novo governo foi tentar garantir maior influência sobre a base aliada no Congresso, apostando em nomes com maior trânsito e com maior sustentação em seus partidos, além de políticos que articulam o fortalecimento a base do governo.
A presidente, no entanto, adiou nomes do PT após um dia de negociações. Era esperada a confirmação de que o ministro Ricardo Berzoini fosse deslocado das Relações Institucionais para as Comunicações. Com a saída dele, o deputado Pepê Vargas (PT-RS) era cotado para assumir a articulação com o Planalto.
A presidente também definiu que o governador Jaques Wagner (Bahia) vai para o Ministério da Defesa. Ele é apontado como de sua cota pessoal. Um dos mais próximos de Dilma, ele era cotado para vários cargos, mas acabou atendido. O ministro da Defesa Celso Amorim pode voltar a comandar o Ministério das Relações Exteriores. Dilma procura um chanceler com perfil mais alinhado ao comércio exterior.
Em retribuição aos apoios que recebeu nas eleições, Dilma passou o Ministério das Cidades para o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). O governador Cid Gomes (PROS) que se rebelou contra a candidatura própria do PSB na disputa presidencial e apoio a reeleição de Dilma, ficou com o Ministério da Educação.
Principal aliado, o PMDB ganhou mais um ministério, passando para seis pastas. A legenda abriu mão da Previdência, que era ocupada pelo senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), que volta ao Senado. Ficará com Aviação Civil, Agricultura, Minas e Energia, Turismo, Pesca e Portos.
Dilma atendeu a uma antiga reivindicação da sigla, dividindo o espaço entre três nomes da Câmara e três do Senado. Apesar das resistências, o nome da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) foi confirmado. Ela foi “abrigada”, mas é considerada cota de Dilma.
Uma das surpresas foi a saída do ex-governador do Rio Moreira Franco da Aviação Civil. Ele foi trocado pelo atual presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha. Moreira, um dos principais aliados de Temer, entrou em rota de colisão com o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), que colocou seu nome para a disputa pela Presidência da Câmara.
Padilha foi ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique e chegou a apoiar a oposição na disputa presidencial de 2010. Um dos principais interlocutores de Temer, ele se reaproximou da petista recentemente e neste ano se empenhou para a reeleição dela no RS, contrariando lideranças locais.
Temer emplacou ainda o deputado Edinho Araújo (SP) na Secretaria de Portos, respeitando a exigência da bancada da Câmara de ter um deputado com mandato na Esplanada dos Ministérios.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (AM), também foi contemplado com o Ministério de Minas e Energia no lugar de Edison Lobão. O senador ganhou influência política por ter bom trânsito com a chamada ala rebelde do PMDB no Senado. Dilma cogitou tirar do partido a pasta, mas enfrentou resistência. O partido também cobiçava Integração Nacional e Cidades, mas não foi contemplado.
O PMDB também queria emplacar o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), mas devido a uma possível citação de seu nome no esquema de corrupção da Petrobras, ele retirou seu nome até que o Ministério Público Federal se manifeste sobre os políticos envolvidos, o que é esperado para fevereiro. Como acabou derrotado na disputa pelo governo do RN, ele deixa de ter mandato no fim de janeiro. Dependendo da posição do MP, o deputado pode assumir o Turismo.
Aliado histórico do PT, o PC do B perdeu para o PRB o controle do Ministério do Esporte. A pasta foi entregue ao deputado George Hilton (PRB, MG), que é radialista, apresentador de Televisão, teólogo e animador. Na atual formação, o PRB ocupa o Ministério da Pesca. O partido terá 21 deputados na nova composição do Congresso, a partir de fevereiro.
O ministro Aldo Rebelo (PC do B) ficou com Ciência e Tecnologia. Ele desistiu de disputar as eleições deste ano para cuidar da Copa do Mundo, após pedido da presidente.
Sem filiação partidária, a pedagoga Nilma Lino Gomes irá para a Igualdade Racial. Ela tornou-se a primeira mulher negra do Brasil a comandar uma universidade federal, ao assumir o comando da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em 2013.
Valdir Simão, que está na Secretaria-Executiva da Casa Civil, irá para a Controladoria-Geral da União.
Em aceno ao mercado, a presidente já tinha anunciado os ministros: Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento), Alexandre Tombini (Banco Central) e Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).