(Folha na quinta)
Irritada com o tratamento do Planalto ao PMDB, a cúpula do partido avalia como “desastrosa” a iniciativa do governo de articular uma base aliada “alternativa” no Congresso liderada pelos ministros Gilberto Kassab (Cidades) e Cid Gomes (Educação), membros do PSD e do Pros, respectivamente.
O tema foi tratado por peemedebistas na segunda (19), na casa de Renan Calheiros (PMDB-AL), em Brasília.
Participantes reclamaram que o governo está desorientado sobre as disputas para os comandos do Senado e da Câmara e “escanteando” o PMDB e a CNB (Construindo um Novo Brasil), ala majoritária do PT ligada ao ex-presidente Lula, no Congresso.
O objetivo do Planalto ao incentivar uma base “alternativa” é ficar menos dependente do PMDB no Congresso.
Peemedebistas ouvidos pela Folha disseram que a ideia de delegar poderes de articulação política à dupla Cid e Kassab é “desastrada”.
Segundos eles, a dupla não teria a veia “profissional” da legenda para operar temas espinhosos no Congresso, principalmente em ano de crises iminentes, como os desdobramentos da Operação Lava Jato e reflexos da crise econômica.
À Folha, um peemedebista ironizou dizendo que querem quebrar a vertente operacional do Congresso “a troco de quê, já que Dilma não é mais candidata?”. Disse ainda que “uma limpeza étnica num período desses é coisa de gênio e desastrado”.
Além de Renan, participaram do encontro o vice-presidente, Michel Temer, os senadores Romero Jucá (RR) e Edson Lobão (MA) e os deputados Henrique Eduardo Alves (RN) e Eduardo Cunha (RJ).
Segundo a Folha apurou, Dilma Rousseff e Temer não conversam sobre matérias de ordem política, como a eleição no Congresso, desde as negociações para a reforma ministerial, antes da posse.
Os peemedebistas reclamam que Dilma se fechou após as eleições, aconselhando-se apenas com o núcleo palaciano petista, principalmente com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).
Alguns caciques do PMDB atribuem o isolamento de Dilma ao distanciamento da petista de Lula e à influência de Mercadante.
Durante a reunião, segundo um parlamentar, um presente relatou que o ex-presidente Lula teria dito que Mercadante “teria sequestrado” o governo Dilma.
No encontro, o deputado Eduardo Cunha apresentou aos presentes o teor da fita supostamente forjada, que tentaria ligá-lo à Operação Lava Jato.
O deputado diz ter relatos de que o governo tenta interferir na disputa da Câmara ao oferecer cargos em troca de apoio a Arlindo Chinaglia (SP), candidato petista à presidência da Casa. O governo nega a operação.
Comentário do programa – Ciúme de homem é fogo. PMDB teme perder a capacidade de chantagear o Governo e por isso vê com maus olhos o prestígio de outros protagonistas como Mercadante, Kassab e Cid Gomes. (LGLM)