Estivemos esta semana nas cidades de Água Branca, Juru, Tavares e Princesa Isabel onde fomos apurar denúncias de transporte clandestino de trabalhadores para trabalhar no Sul do país. Constatamos a procedência da denúncia mas tivemos dificuldade em apurar quem são os responsáveis por infração da legislação trabalhista, devido ao muro de silencio que cerca a questão. Os trabalhadores temendo perder a oportunidade não dão informações. Os responsáveis pelos ônibus que fazem o transporte devem ser orientados a não dar informações e terminamos não colhendo dados para impedir a saída dos ônibus. O Ministério Público do Trabalho está contando com o apoio da Polícia Rodoviária Federal para fazer a abordagem no Estado de Pernambuco, já que os ônibus trafegam por rodovias federais, onde a PRF pode atuar. Ministério Público do Trabalho, Ministério do Trabalho, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal não são contra o transporte de trabalhadores desde que seja feito na forma prevista em lei. Os trabalhadores devem sair de seus locais de origem depois de fazerem exames médicos, assinarem contratos individuais de trabalho, terem suas carteiras assinadas e terem as despesas de transporte e alimentação custeada pelas empresas que os contratarem. Com estas providências, se acontecer alguma coisa com os trabalhadores, eles e suas famílias terão os benefícios trabalhistas que a lei lhes assegura. E acidentes não são difíceis de acontecer. Em Tavares tomamos conhecimento de um acidente que aconteceu com um dos ônibus clandestinos, já no interior de São Paulo e em que morreram dois trabalhadores aqui da região. Com relação à viabilidade do transporte feito de forma legal, verificamos em Princesa Isabel a partida de mais de vinte ônibus transportando cerca de mil trabalhadores todos devidamente documentados, parte de cerca de dois mil trabalhadores que estão sendo transportados por uma usina de São Paulo que faz este transporte legalizado há mais de dez anos. Conversamos com trabalhadores que já foram trabalhar nesta empresa mais de cinco vezes e confirmaram todas as informações sobre o tratamento correto que a empresa lhes dar inclusive com alojamento e alimentação de boa qualidade, transportando-os de volta ao final da safra. Por isso recomendamos aos trabalhadores que evitem embarcar em aventuras viajando em ônibus onde toda despesa e risco ficam por conta do trabalhador. É um grande risco para o trabalhador sair daqui sem nenhuma garantir de que terá no seu destino o respeito aos seus direitos trabalhistas e a garantia de um retorno ao fim do contrato, por conta do contratante. (LGLM)