(Folha do sábado)
Incluídos na lista de investigados da Operação Lava Jato, o comando do Congresso prepara uma ofensiva casada no Senado e na Câmara contra a Procuradoria-Geral da República, responsável pelos pedidos de inquérito contra Renan Calheiros (PMDB-AL) e Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O presidente do Senado discutiu com peemedebistas nos últimos dias a criação de uma CPI para investigar o Ministério Público e duas propostas de igual teor na Câmara e no Senado, com objetivo de proibir a recondução do procurador-geral ao cargo.
Para investigadores da Lava Jato, Renan está usando o poder do cargo para tentar intimidar o Ministério Público e o Palácio do Planalto.
Desde que soube que seu nome estaria na lista do procurador Rodrigo Janot, Renan subiu o tom contra o Ministério Público e o governo. Ele tem dito que o país está à beira de uma crise institucional.
Tanto o senador quanto Cunha avaliam que Janot só os incluiu na lista de investigados por interferência do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça), que rechaça a acusação. Como retaliação, parlamentares afirmam nos bastidores que chamarão Cardozo para depor na comissão, assim que ela for criada.
Esta semana, por exemplo, Renan devolveu à presidente Dilma Rousseff a medida provisória do ajuste fiscal que revia o programa de desonerações da folha de pagamento.
Na avaliação de integrantes do Executivo, Renan, muito mais acostumado a articulações de bastidores, está dando sinais de desespero. Para esses auxiliares presidenciais, ele está chantageando, ao mesmo tempo, Ministério Público e governo.
A ideia do comando peemedebista, segundo a Folha apurou, é apresentar uma proposta de emenda à Constituição, antes do fim do mandato de Janot, modificando artigo que permite a recondução do procurador-geral.
A proposta entrará em comissão especial. Pelo cronograma da dupla, a emenda iria ao plenário até maio e seria entregue a Renan em julho. O mandato de Janot termina em setembro.
Os parlamentares afirmam nos bastidores que são críticos à “dependência” do procurador em “servir” ao Executivo para ter a recondução. Janot poderá ser reconduzido ao posto se a presidente Dilma aceitar a indicação do Ministério Público e o Senado aprovar a sua nomeação.
Em outra frente, o PMDB quer aprovar proposta de emenda que estabelece mandato para ministros do Supremo Tribunal Federal. Renan já indicou a auxiliares de Dilma que não aceitará nomes apoiados por Cardozo para a vaga do ex-ministro Joaquim Barbosa no STF, que Dilma ainda não preencheu.
Já Cunha tem atuado de forma mais discreta e evita declarações públicas de guerra.
Comentário do programa – Quem não deve não teme. Se não tivesse o “rabo preso”, o “bom moço” Renan Calheiros estaria procurando se defender e não atacando Janot que está no exercício exclusivo de sua missão constitucional. Renan já se meteu em outros “embrulhos” tendo que renunciar a cargos para evitar a cassação de mandato. Agora está atirando para todo lado. Contra o Governo e contra a Procuradoria Geral da República. (LGLM)