(Publicado no Patos Online)
O anúncio feito há alguns dias de que o grupo do ex-deputado Múcio Sátiro havia vendido as emissoras Panaty AM e FM causou preocupação nos meios radiofônicos locais. A maior preocupação foi pelo fato anunciado de que um empresário evangélico havia adquirido as duas emissoras e que pretendia desenvolver ali uma programação musical de caráter religioso.
A preocupação maior era com o destino dos funcionários das emissoras já que, como se informava inicialmente toda a programação seria gerada em Campina Grande, sede do grupo, o que reduziria ao mínimo a quantidade de funcionários necessários para “tocar” as duas emissoras.
O primeiro impacto foi o cancelamento de alguns programas independentes, cuja linha não condiria com a linha adotada pelo novo grupo. Isto “de cara” fechou dois dos programas mais tradicionais da emissora: A Hora do Rei, comandada por Etinho Morais, um programa de linha romântica baseado no repertório de Roberto Carlos; o outro o Acorda Sertão, apresentado pelo radialista e cantor Aécio Nóbrega, um dos maiores divulgadores do legítimo forró pé-de-serra em nossa região. Duas perdas significativas para o rádio local.
Resta agora a dúvida com relação àqueles que têm vínculos empregatícios com a empresa. Segundo se comenta os novos dirigentes estariam sugerindo um acordo em que os empregados “abririam mão” da multa de 40% do FGTS e seriam dispensados com todos os demais direitos. A alternativa, para quem não aceitasse o acordo, seria ficarem “na geladeira”, indefinidamente. Duvidamos da informação uma vez que tal tipo de acordo é ilegal, e empresários bem intencionados jamais recorreriam a ele, principalmente se obedecem ao mandamento de caridade cristã que recomenda respeitar o salário do trabalhador.
Além do aspecto ligado aos empregados e seus direitos trabalhistas, preocupa aos que “fazem rádio” em Patos a perda de um espaço de informação da opinião pública importantíssimo para Patos nos últimos trinta anos. Ali sempre se fez um jornalismo de primeira linha, por onde passaram os saudosos Virgílio Trindade e Geraldão, o ainda hoje ativo José Augusto, que faziam também o jornalismo esportivo que marcou época, inclusive com a participação de Nestor Gondim, e tantos outros cobras do jornalismo de tempos mais recentes. Até pouco tempo atrás, nomes mais recentes como Isaías Nóbrega e Adilton Dias, mantinham um jornalismo independente e feito “às claras”. Isto sem contar os bons programas musicais e de entretimento de modo geral.
Claro que os novos donos ou arrendatários, não se sabe ao certo, tem liberdade por fazer o que bem querem das suas emissoras. Será um ganho para a propaganda evangélica se fizerem uma programação bem feita, mas será um prejuízo, para a informação e o entretenimento locais, o fechamento da programação tradicional. Há uns vinte e cinco anos atrás, a Espinharas chegou “a namorar” a ideia de uma programação eminentemente religiosa, mas, felizmente, não levaram a cabo a proposta e continuaram a fazer uma programação eclética, mantendo importantes espaços de divulgação religiosa com que têm cumprido sua missão assumida há mais de cinquenta anos de “educar, divertir e informar”, sem perder de vista o conteúdo religioso.
Esperamos que as coisas se esclareçam, que os direitos dos empregados sejam respeitados e que Patos e região não percam dois importantes veículos de comunicação na formação da opinião pública e no entretenimento. Que os novos empresários busquem o lucro que compense o investimento, sem defraudar os trabalhadores dos seus direitos, nem os patoenses desses tradicionais veículos. (LGLM)