(Folha da sexta)
Ao afirmar que uma reforma ministerial não “resolve os problemas” e que não pretende “alterar nada e ninguém”, a presidente Dilma Rousseff desagradou setores do PMDB e do próprio governo que defendem mudanças para tentar superar a crise política e acalmar os mercados.
Dilma falou sobre o assunto nesta quinta (19) em evento no Palácio do Planalto, um dia após ser obrigada a aceitar a demissão de seu ministro da Educação, Cid Gomes, para evitar que o PMDB deixasse de apoiá-la na Câmara.
Cid havia atacado o principal aliado de Dilma no Congresso durante sessão na Câmara, acusando a sigla de chantagear a presidente para ter mais espaço no governo.
Dilma afirmou também que não levará em consideração os partidos que a apoiam ao escolher um substituto para Cid Gomes na Educação, mudança que classificou como uma “alteração pontual”.
“Vocês [jornalistas] estão criando uma reforma que não existe”, afirmou a presidente. “Não tenho perspectiva de alterar nada nem ninguém, mas as circunstâncias às vezes obrigam você a alterar, como foi o caso da Educação. Não tem reforma ministerial.”
A fala de Dilma gerou preocupação entre assessores e peemedebistas, porque eles avaliam que o governo precisa fazer “rapidamente” uma reforma ministerial que acalme a base aliada, principalmente o PMDB, para garantir a aprovação do ajuste fiscal.
As declarações de Dilma também foram mal recebidas no mercado. A cotação do dólar, que vinha caindo no início do dia, passou a subir em seguida e fechou a R$ 3,305, maior valor em quase 12 anos.
Assessores presidenciais tentaram relativizar as declarações. Segundo eles, Dilma fará ajustes em sua equipe, como trazer o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).