Disputa na cúpula do PMDB ameaça travar projetos no Congresso (*)

By | 25/04/2015 5:57 pm

(Folha na sexta-feira)

A votação do projeto de terceirização causou um embate entre os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e ameaça paralisar a análise de outros projetos no Congresso.

Cunha comandou pessoalmente uma operação para votar rapidamente o projeto na Câmara, finalizado na quarta (22). Depois disso, Renan afirmou que o tema será analisado “sem pressa” no Senado.

Irritado com o colega, Cunha, em entrevista à Folha nesta quinta (23), ameaçou segurar projetos do Senado caso a terceirização seja atrasada ou engavetada pela Casa.

Um deles é a validação de benefícios tributários concedidos por Estados para atrair investimentos, aprovada no último dia 7 pelos senadores.

A análise dos deputados, pode ser feita em ritmo lento, segundo Cunha, para dar o troco em Renan. “A convalidação [dos benefícios] na Câmara vai andar no mesmo ritmo que a terceirização no Senado”, afirmou Cunha. “Pau que dá em Chico também dá em Francisco. Engaveta lá, engaveta aqui.”

Folha apurou que Renan não descarta segurar o texto da terceirização no Senado por todo o seu mandato como presidente da Casa, até janeiro de 2017.

Parlamentares próximos a ele dizem, no entanto, que o peemedebista poderá mudar de ideia se houver pressão do empresariado, que tem pressa na votação.

Renan e Cunha estão em conflito desde a nomeação de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Turismo, na semana passada.

Aliado de Cunha, Alves viu sua nomeação ser adiada várias vezes por resistência de Renan. O senador queria manter seu afilhado político Vinicius Lages na vaga, mas Dilma Rousseff havia prometido o cargo a Alves caso ele não estivesse entre os envolvidos na Operação Lava Jato.

Desde então, Cunha e Renan não conversam.

Mesmo com a disposição de Cunha em atrasar votações, Renan quer segurar ao máximo a votação da proposta de terceirização para evitar seu retorno, em curto prazo, para a Câmara.

Pelas regras do Congresso, se o Senado fizer mudanças no projeto, ele deve ser reanalisado na Câmara antes da sanção presidencial. Assim, os deputados têm a palavra final sobre a terceirização.

Renan disse que, do jeito que foi aprovada na Câmara, a proposta representa uma “pedalada” contra os direitos dos trabalhadores. A Câmara estendeu a possibilidade de terceirização a todas as atividades de uma empresa.

“Vamos fazer uma discussão criteriosa no Senado. O que não vamos permitir é ‘pedalada’ contra o trabalhador”, disse Renan.

A ideia é que o projeto tramite em pelo menos cinco comissões permanentes do Senado, com audiências públicas junto a setores envolvidos.

Senadores contrários à versão aprovada na Câmara também querem sessões temáticas, no plenário, para discutir o tema em profundidade.

“Essa matéria tramitou durante 12 anos na Câmara dos Deputados [desde 2004]. No Senado, vai ter uma tramitação normal”, concluiu Renan.

Comentário do programa – Quando dois mafiosos brigam sempre morre alguém. Neste caso eu acho que vai “sobrar” para os trabalhadores que vão ser “garfados” pela terceirização. (LGLM

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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