O Bispo Diocesano da cidade de Patos, Dom Eraldo Bispo da Silva, concedeu entrevista no final da tarde desta quinta-feira, dia 30, ao programa Polêmica, que é levado ao ar pela Rádio Espinharas das 18 às 19h00. Dom Eraldo abordou a questão cultural envolto na tradição das festas juninas, falou do momento político e econômico vivido pelo país, além de discutir sobre o papel da igreja na sociedade.
Na opinião de Dom Eraldo, o momento politico exige prudência na realização de festas que consomem grandes valores econômicos dos cofres públicos, além de terem atrações que descaracterizam a própria tradição junina. Para Dom Eraldo, atrações como Bruno e Marrone, Victor e Leo, dentre outras, são gastos volumosos e que não levam em conta nem a tradição e nem as cifras envolvidas para a realização.
“Numa sociedade democrática a gente questiona atitudes, gestão, a gente questiona posturas, principalmente naquilo que se refere ao gasto do bem público, dos recursos da nossa sociedade. Eu gostaria de refletir sobre o fato que me chama muito atenção e que me deixa preocupado realmente como disse. Esta organização do São João em Patos, trata-se de uma contratação de bandas, de músicos, artistas muito caros para a nossa região, para a nossa cidade. Um evento caríssimo e que não responde ao anseio cultural da região nesse momento, que é São João. São artistas belíssimos, eu particularmente, gosto escuto, mas para uma festa junina eu não traria uma banda ou um artista de cunho sertanejo, de estilo sertanejo, contando que isso é muito caro. O Nordeste tem elementos suficientes para fazer um São João belíssimo e respeitando as raízes culturais da nossa gente e do nosso povo”, relatou Dom Eraldo.
Dom Eraldo Bispo da Silva também falou sobre o momento político, sobre a corrupção e sobre os problemas sociais que estão sendo presenciados no dia a dia no país e no mundo. “A igreja e a sociedade devem caminhar juntas. Nós como pastores temos que usar da palavra, emprestar nossa voz, emprestar os nossos dons para abrir os olhos, conscientizar, mostrar caminhos para os nossos rebanhos”, relatou Dom Eraldo.
Comentário do programa – Muito oportuna a crítica de Dom Eraldo à programação do São João de Patos. Já que se vai gastar dinheiro público que se faça no sentido de incentivar as tradições culturais de nossa gente. O São João deveria servir não só para divertir, mas antes de tudo para divulgar o legítimo forró pé-de-serra, a mais legítima das nossas tradições musicais. Ao contratar artistas da região se estaria incentivando artistas e bandas a continuarem praticando o legítimo forró, assim como se incentiva a cantoria de viola ao se financiar um festival de cantadores. O dinheiro que se gasta com o mais barato dos sertanejos seria suficiente para pagar a todos os artistas da região que ficaram de fora. O sertanejo tem acesso à televisão, às gravadoras e às emissoras de rádio, enquanto que são pouquíssimos os programas que divulgam a legítima música nordestina. (LGLM)