A Prefeita e a Câmara (*)

By | 16/05/2015 8:07 pm

(José Augusto Longo, no Patos Online)

Semana passada, ao lado do irmão Rogério Dantas, dentro do programa A VOZ DA ACÁCIA, apresentado aos sábados pela manhã na Rádio Morada do Sol, sob a responsabilidade da Loja Maçônica Acácia das Espinharas, entrevistamos a vereadora Nadigerlane Rodrigues(PMDB), presidente da Câmara Municipal de Patos, e sentimos, nas entrelinhas, um certo descontentamento dela, com respeito a indiferença da administração municipal, que não tem retribuído à Câmara, a mesma consideração existente na Casa de Juvenal Lúcio de Sousa para com a Prefeitura.

Declarou a presidente que tanto ela, quanto os demais vereadores, se ressentem pela falta de consideração da edilidade, que não dá a mínima para os requerimentos dos edis, não respondendo à grande maioria deles, ou seja, pouco se lixando para os pleitos da Câmara, muito embora esta, religiosamente, aprove todos os projetos enviados àquela Casa, assinados pela prefeita Francisca Mota.

Mal assessorada, rodeada de muitos que ali somente estão porque, politicamente, pertencem ao seu Partido – sem deixarmos de reconhecer que a maioria destes, para garantir a boquinha, apenas batem palmas e não mostram, por incompetência ou maldade, o que, de fato, precisa ser feito -, a nossa Prefeita amarga decepções seguidas, a exemplo da recente pesquisa divulgada repetidas vezes pelo radialista Silvio Romero, da Morada do Sol, que apresenta índices baixíssimos de aprovação popular da sua administração, insatisfação também refletida nas vaias e apupos que tem recebido em solenidades públicas.

Teimando em manter ao seu redor secretários que já criaram raízes nos jardins da Prefeitura e que, sem a mínima motivação para o exercício do cargo, pouco se importam se a administração vá bem ou mal, esses donatários, cada um usufruindo de um pedaço da gestão, criteriosamente distribuída há mais de dez anos, dão rigorosamente as costas às solicitações e demandas da Câmara Municipal e, enquanto gozam das benesses do cargo, deixam que a prefeita, sozinha, receba a pancada vinda da população que, não os reconhecem como dignos, sequer, de receberem uma crítica, descarrega sua ira sobre a gestora que, não sei se por inocência ou outro motivo qualquer, fecha os olhos para a inércia de seus auxiliares, tornando-se, por isso, a principal responsável pelo fracasso de sua administração aos olhos da população.

Urge que apareça algum auxiliar de bons propósitos – se é que existe algum de bom propósito por lá -, para dizer a nossa gestora que os vereadores são na essência, o porta-voz mas legítimo do povo e que todos os seus requerimentos representam o anseio daqueles que vivem na dependência de providências muitas vezes as mais banais. É preciso que alguém que queira bem a Francisca Mota e que gravite ao seu redor, diga a ela que são as pequenas providências reclamadas pelos representantes do povo na Câmara Municipal que, ao não serem atendidas, como constantemente ocorre, pesam contra uma atuação que muito bem poderia ser considerada boa, caso providências fossem tomadas ou, pelo menos, uma boa desculpa fosse dada à Câmara para que esta a transmitisse a quem de direito.

Por desconhecimento total da verdadeira função dos vereadores, a população os critica severamente, sem saber, por exemplo, que vereador não pode gerar despesas e que apenas pode pedir ou apontar caminhos. A população carente de providências, sejam elas em quaisquer dos setores da administração pública, por não terem acesso, nem à prefeita, e muito menos aos seus intocáveis secretários, procura o vereador em quem votou, que apenas faz a solicitação e, como a solução do problema não acontece, e como também não recebe nenhuma correspondência oficial justificando a ausência das providência solicitadas, é ele, o vereador, que é taxado de incompetente, como se culpa tivesse pela incapacidade e a indiferença de quem gere os destinos do município.

É preciso enfocar que não são as grandes obras que o povo mais pede aos vereadores. Não são teatros ou suntuosas praças que o povo reclama junto aos seus vereadores; não é a proliferação de Postos Médicos que o povo reivindica; não são atrações milionários que se exibirão no Terreiro do Forró, que a grande maioria da população mais deseja. Pode perguntar isto a todos os vereadores, que eles confirmarão. O que quer a população, que conta apenas com o vereador como porta-voz oficial no Município, são postos médicos funcionando normalmente, todos os dias; o que quer a população é que a Prefeitura obrigue os médicos a darem normalmente o plantão para o qual foram contratados; que haja remédio nos Postos e nas Farmácias credenciadas; que o dentista tenha condições de atender quem o procura nos Postos com todos os equipamentos necessários ao exercício de sua profissão; o que quer o povo é que as duas UPAS sejam concluídas para que o atendimento da saúde básica, obrigação constitucional do Município, seja feito lá, aliviando o Hospital Regional que tem por finalidade, apenas, o atendimento aos casos mais complexos; o  que implora todos os dia a população, antes somente na periferia, agora, também no centro, é que providências imediatas sejam tomadas no que diz respeito à imoralidade dos esgotos estourados que exalam uma fedentina, que, infelizmente, já faz parte do nosso cotidiano. O que querem os moradores de Patos é que cargos de confiança que existem aos montões, sejam diminuídos dentro da real necessidade da administração e o dinheiro que deles vier, sirva para contratar operários que atuem no setor de galerias.

São coisas relativamente pequenas que somente recaem sobre os ombros dos vereadores que, por não poderem gerar despesas, apenas emitem requerimentos, que a Prefeitura, até por uma questão de afinidade entre os Poderes, deveria dar, pelo menos, uma satisfação.

Por conhecer de perto a prefeita Francisca Mota, sei que ela é dotada de bons princípios e, por isso, deve ter o propósito de encerrar sua vida pública com a mesma competência como exerceu por quase vinte anos a função de deputada estadual. Ainda há tempo de recuperar seu prestígio diante dos habitantes de Patos que sempre a premiaram com significativas votações. Para tanto, necessita se acompanhar de assessores que, de fato, desenvolvam atividades em benefício do povo, livrando-se de alguns “carrapatos” que se grudaram no Poder e se acham, por isso, donos da cocada preta.

E a Câmara Municipal que tem dado provas cabais de que apoia a atual gestão, precisa ser igualmente considerada, para o bem da própria administração.

(josaugusto09@gmail.com)

Comentário do programa – Minha mãe usava uma expressão da sabedoria popular que se aplica muito bem ao caso. Dizia ela “Quem muito se abaixa, o rabo lhe aparece”. Talvez a atitude subserviente da Câmara aprovando até o que já vem aprovado do gabinete da prefeita, tenha gerado esta situação. Por que ela teria consideração com quem faz tudo o que ela quer, sem discutir um detalhe sequer. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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