(Folha neste sábado)
A Polícia Federal prendeu em caráter preventivo os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, acusados de envolvimento com a corrupção na Petrobras.
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato no Paraná, também mandou prender nesta sexta (19) outras dez pessoas, incluindo executivos e operadores que teriam ajudado a movimentar dinheiro de propina no exterior.
Ao explicar sua decisão, Moro apresentou pela primeira vez documentos que, na sua avaliação, demonstram que essas empreiteiras de fato movimentaram dinheiro sujo fora do Brasil. O juiz determinou o bloqueio de R$ 20 milhões nas contas de Marcelo Odebrecht, Azevedo e outros oito executivos presos.
Moro justificou as prisões dizendo que os executivos representavam risco para a ordem pública, por manter contratos com a Petrobras e, portanto, condições de seguir corrompendo funcionários da estatal. Além disso, o juiz afirmou que eles poderiam atrapalhar as investigações se continuassem em liberdade.
Advogados das empreiteiras criticaram as prisões, que consideram desnecessárias, e disseram que não há provas que vinculem os executivos à corrupção. Odebrecht e Andrade Gutierrez são as duas maiores construtoras do país, e parte de grupos empresariais poderosos, com negócios em várias outras áreas, incluindo a indústria petroquímica, o setor de telecomunicações e concessões de rodovias e aeroportos.
As prisões preocupam a cúpula do PT, em especial por causa da proximidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a Odebrecht, que patrocinou várias de suas viagens internacionais depois que ele saiu do governo. As duas empresas também mantêm boas relações com a oposição, em especial com o PSDB.