(Marcos Tavares, colunista do Jornal da Paraíba)
Nem sempre nossa brava Câmara Federal acerta, aliás, ela erra bem mais do que acerta, mas nesse caso da pretendida quota para mulheres, os deputados acertaram em cheio. Ultimamente, vivemos na era das quotas e elas viraram panaceia para todos os males, inclusive para a política. Se a representação feminina é baixa nas casas legislativas, isso é um reflexo do que acontece no país onde as mulheres ainda não alcançaram o seu lugar na sociedade, e querer resolver isso com uma medida dessas é piorar o quadro. Existem menos mulheres na política porque existem menos mulheres nas castas que decidem a vida do país, porque existem menos mulheres empresárias, enfim porque elas ainda são minoria no comando.
Não faz sentido reservar um número determinado de vagas que seriam preenchidas compulsoriamente por quem não teve o respaldo nem a aprovação do eleitor. Se as mulheres querem mais espaço no mundo político, pratiquem a política, associem-se a partidos, vão às ruas discutir os grandes temas nacionais e não se escondam atrás de uma quota que por si só deixa as mulheres numa posição incômoda. O Brasil já teve nomes femininos de peso nessa área e atualmente somos presididos por uma mulher, se bem que Dilma não é exemplo que se cite.
Toda quota obrigatória é antipática e, mais que isso, significa que os beneficiários dessas quotas são incapazes de vencer o jogo dentro das regras normais, o que não é verdade. Ao descartarem essa medida, os deputados deixaram claro que política não tem gênero, que ganha quem for mais competente na área, seja ele homem ou mulher. Nada contra as mulheres no Congresso, mas que elas cheguem lá sacramentadas pelo voto, cobertas pela escolha do povo e não através de artifícios que na verdade ofendem a condição cidadã das mulheres.
Observação – O texto previa uma espécie de reserva de vagas para as mulheres nas próximas três legislaturas. Na primeira delas, de 10% do total de cadeiras na Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas estaduais, nas câmaras de vereadores e na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Na segunda legislatura, o percentual subiria para 12% e, na terceira, para 15%.
Comentário do programa – Somos contra estas criações de quotas. As mulheres é que devem se interessar mais pela política, participando dos debates e das lutas populares. Foi assim que a nordestina Luiza Erundina chegou a prefeita de São Paulo e alcançou vários mandatos de deputado federal. (LGLM)