(Marcos Tavares, colunista do Jornal da Paraíba)
Lula e seu PT colhem o que plantaram. Em doze anos de poder, seu mantra foi sempre o de nós contra eles. O nós era o PT com todo seu aparato montado para assaltar o governo. Eles eram todos que não eram petistas ou tinham a ousadia de criticar qualquer ação do estadista Lula. Ele plantou essa diferença num combate sem fim contra o que chamava de elites e agora vem num falho ato de contrição falar do ódio que se espalhou no país, no clima de hostilidade que não permite “nem que companheiros entrem num restaurante”. Isso, Lula, é a colheita de sua política de divisão, de jogar o Brasil contra o Brasil para colher os frutos desse comportamento desregrado. A guerra colou e agora com o PT e o governo aos frangalhos, o povo procura os culpados e os vaia em hospitais, restaurantes, nas ruas, em qualquer lugar onde possa expressar sua revolta pelo que os senhores petistas fizeram com o Brasil.
Lula se acha acima do bem e do mal. Um iluminado que não erra e que sabe com certeza os caminhos que o Brasil deve seguir, que o povo brasileiro deve trilhar e sabe igualmente que nesses caminhos não cabe quem não é petista. Ele critica duramente e de maneira pública a presidente Dilma, um poste que ele erigiu em nome de seu poder e que se mostrou de uma incompetência grosseira. Lula manda Dilma às ruas, mas ele se preserva nos gabinetes e evita qualquer massa que não seja petista porque sabe que será hostilizado. Ele manda Dilma falar, mas não lhe diz que palavras podem salvar o PT e seu governo. Ele diz para Dilma parar as reformas, mas as reformas são a última trincheira de um poder desesperado e sufocado por todos os lados.
Lula tenta afastar-se de toda a trama que urdiu dentro de um partido que era inteiramente seu, dominado por sua vontade, vontade essa que ele levou à Presidência desconhecendo normas básicas da macroeconomia e fazendo de sua governança uma extensão da luta sindical onde patrões eram inimigos a serem batidos. Esse reflexo de divisão e ódio que Lula semeou e Dilma, com sua ineficácia perpetuou, reflete-se hoje na maneira como o brasileiro afasta-se do PT e de seus líderes, transformando o que era uma esperança numa frustração. Esse é o grande dilema de Lula, mais, bem mais que os desacertos de Dilma. Sua imodéstia condição e suas certezas que terminaram em nada.