Ação policial amplia pressão contra políticos na Lava Jato

By | 18/07/2015 8:11 pm

(Folha na quarta-feira)

A Polícia Federal realizou nesta terça-feira (14) buscas em residências e escritórios do senador e ex-presidente da República Fernando Collor (PTB-AL) e de outros cinco políticos investigados sob suspeita de envolvimento com o esquema de corrupção descoberto na Petrobras pela Operação Lava Jato.

A ação policial representa a primeira ofensiva contra esses políticos desde março, quando o Supremo Tribunal Federal autorizou a abertura de inquéritos sobre 13 senadores e 22 deputados federais acusados por participantes do esquema que se tornaram delatores e passaram a colaborar com as investigações.

Os policiais vasculharam residências de Collor em Brasília e Maceió e a sede da TV Gazeta, afiliada da TV Globo que é controlada por sua família. Na Casa da Dinda, residência que pertence a sua família em Brasília, a PF recolheu uma Ferrari vermelha, um Porsche preto e um Lamborghini prata, carros avaliados em quase R$ 7 milhões.

Houve buscas em seis Estados e no Distrito Federal. Os policiais apreenderam discos rígidos de computador, documentos, obras de arte, joias, relógios e outros cinco veículos além dos que estavam na Casa da Dinda. Também recolheram grande quantidade de dinheiro em espécie, incluindo cerca de R$ 4 milhões, dólares e euros.

Além de Collor, foram atingidos os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e os ex-deputados Mário Negromonte (PP), hoje conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia, e João Pizzolati (PP-SC), secretário estadual de Roraima.

As buscas foram autorizadas pelo ministro Teori Zavascki, que conduz os inquéritos da Lava Jato no Supremo, pelo presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, e pelo ministro Celso de Mello, que revisaram alguns mandados a pedido da Procuradoria-Geral da República.

Collor foi o principal alvo da ação policial. O doleiro Alberto Youssef, um dos operadores do esquema de corrupção, disse que pagou R$ 3 milhões de propina a ele em troca de vantagens na BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras que administra sua rede de postos de combustíveis.

O empresário Ricardo Pessoa, dono da empreiteira UTC, afirmou aos procuradores da Lava Jato que pagou R$ 20 milhões de propina a Collor entre 2010 e 2012 em troca de facilidades num contrato com a estatal. O ex-presidente nega as acusações.

Foram realizadas buscas também na sede da BR Distribuidora, no Rio, e nas residências de dois ex-diretores da estatal que foram indicados por Collor, José Zonis e Luiz Cláudio Caseira Sanches. Eles foram afastados de seus cargos em 2013, mas são funcionários de carreira e continuavam na empresa.

Em nota, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse que as buscas foram necessárias para esclarecer fatos investigados nos inquéritos, impedir a destruição de provas e apreender bens que podem ter sido adquiridos com dinheiro sujo.

A ação foi batizada pela PF de Politeia, nome dado pelo filósofo grego Platão (428/27 a.C.-348/47 d.C.) à ideia de uma cidade em que as virtudes éticas prevaleceriam sobre a corrupção, como ele descreve em “A República”.

Collor e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que também é investigado mas não foi alvo de buscas, fizeram discursos no plenário para criticar Janot e a ação policial.

Comentário

Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *