(Jornal da Paraíba, na quarta-feira)
A crise hídrica na Paraíba pode se intensificar em 2016 e o racionamento deve ser ampliado no interior do Estado. A meta da Agência Nacional de Águas (ANA) é preservar até 2017 o volume total de água de todo o Estado, que atualmente é de 3.744.146.172 metros cúbicos (m³). Caso não exista a combinação de chuva e economia por parte da população e a meta não seja alcançada, o racionamento pode ser ampliado para outros municípios do interior e Litoral do Estado. O alerta foi emitido durante reunião entre os representantes da ANA, Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), Secretaria de Estado de Recursos Hídricos do Estado (Serhmact) e Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), que discutiram ontem medidas de gerenciamento do uso da água durante o período crítico.
Segundo Paulo Lopes Varella Neto, diretor de gestão da ANA, a situação é de gravidade, pois a Paraíba vivencia um período de estiagem histórico. Há alguns meses, os gestores vêm se reunindo para fazer com que a água possa ser usada pela população com o máximo de eficiência, para garantir o abastecimento e funcionamento das cidades durante este ano. “A palavra de ordem é economizar. Não tem nenhuma mágica, a água que usamos no Nordeste vem dos açudes que se recompõem com a chuva. As indicações são de que no próximo ano as chuvas também serão bastante escassas, portanto, não podemos contar com elas. A transposição também não está em uma margem tão acelerada. Resta-nos economizar. O chamado é para toda a população”, alertou.
Para 2016, o alerta é ainda maior. Conforme o diretor da ANA, as indicações são de poucas chuvas, o que fará com que o racionamento no interior seja ampliado. “É preciso que a população se conscientize sobre a gravidade da situação. O próximo ano será ainda mais difícil, vamos ter que enfrentar restrição de água. Os pequenos açudes, em sua maioria, estão secos e estamos dependendo dos açudes plurianuais, que também estão com problemas. Pelo volume que temos armazenado, manteremos esse ritmo até o próximo inverno; nosso objetivo é chegar ao inverno de 2017. No interior, teremos a ampliação do racionamento, mas ainda não definimos onde e como vai ser. As cidades precisam saber usar cada gota de água. Pois, se exaurirmos os limites dos reservatórios, não teremos onde buscar”, considerou Paulo Lopes.
Para o presidente da Aesa, João Fernandes da Silva, é preciso estabelecer medidas para manter o volume já armazenado. Em escala de prioridades, será definida a sequência de uso moderado, restrição do uso urbano e restrição do uso humano e animal. “A situação é crítica, mas está sendo gerenciada. É óbvio que no Litoral não existe falta de água; o Brejo já começa a reverter o quadro; no Curimataú, Cariri e Sertão, o inverno já se encerrou e as perspectivas não são das melhores. Esperamos até janeiro do ano que vem e vamos administrar o uso da água. Se soubermos usar, não vai faltar”, pontuou.
Sobre a possibilidade de racionamento no Litoral, o presidente da Aesa tranquiliza a população sobre uma ação imediata, contudo, alerta para esta possibilidade após 2017, caso não haja conscientização do uso correto da água. “Precisamos usar com parcimônia o grande volume do Litoral, pois pode ser que ela sirva para outras regiões do Estado. É pouco provável que ampliemos o racionamento para o Litoral. Na verdade, não trabalhamos ainda com essa hipótese, mas sabemos que os reservatórios do Litoral são nossa reserva”, revelou João Fernandes.
O presidente da Cagepa, Marcos Vinícius, defendeu que a realização de ações preventivas são fundamentais para evitar a perda de água; uma delas é a fiscalização das fraudes. A perda geral do sistema, que hoje é de 36,7%, é medida pela perda física, por fraude e por faturamento.
SITUAÇÃO HÍDRICA DA PARAÍBA:
Capacidade máxima total de água do Estado: 3.744.547.815
SITUAÇÃO DOS RESERVATÓRIOS:
39 reservatórios em situação crítica
36 em observação
45 com capacidade armazenada superior a 20%
do volume total 4 reservatórios sangrando
SITUAÇÃO DOS DOIS PRINCIPAIS RESERVATÓRIOS:
Coremas/Mãe D’água: Abastece 25 cidades da PB e 4 do Rio Grande do Norte
Perda de 1.900 litros por segundo – Atualmente com 20,3% da capacidade total
Boqueirão: Abastece 60 cidades paraibanas e 18 do Rio Grande do Norte
Perda de 281 litros por segundo – Atualmente com 17,4% da capacidade total
RACIOANMENTO
(Dos 223 municípios):
35 em colapso total
66 em alerta
71 estado normal
Comentário do programa – Enquanto todo mundo prega a economia da água, a Prefeitura de Patos continua a usar água da Cagepa para aguar os canteiros da rua Solon de Lucena. Segundo meu amigo Chico Sátyro, todo dia entre quatro e cinco horas da manhã, um funcionário da Prefeitura liga uma mangueira em uma torneira existente quase em frente a sua loja ali na rua Solon de Lucena e irriga os canteiros da Solon de Lucena até a frente do Banco do Nordeste. E Chico fica “gozando” com a minha cara quando no domingo eu aconselho os patoenses a economizarem água enquanto a prefeitura continua a desperdiçar e funcionários da prefeitura têm a desfaçatez de dizer que a prefeitura só usa água de poços. (LGLM)