Presidente do STF permite que Catta Preta fique em silêncio em CPI (*)

By | 01/08/2015 6:43 pm

Uol

Com fortes críticas à CPI da Petrobras, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, liberou nesta quinta-feira (30), a advogada Beatriz Catta Preta de ter que prestar esclarecimentos à comissão parlamentar que investiga o esquema de corrupção da Petrobras.

O ministro atendeu a pedido da OAB, atacando a convocação da advogada pela CPI para falar sobre honorários de clientes investigados por participação na Lava Jato.

Nesta quinta, a advogada deu entrevista ao “Jornal Nacional” em que revela que foi ameaçada por causa da sua atuação na Operação Lava Jato. A reportagem vai ao ar à noite.

“Com efeito, para se preservar a rigidez do devido processo legal, e, em especial, o equilíbrio constitucional entre o Estado-acusador e a defesa, é inadmissível que autoridades com poderes investigativos desbordem de suas atribuições para transformar defensores em investigados, subvertendo a ordem jurídica. São, pois, ilegais quaisquer incursões investigativas sobre a origem de honorários advocatícios, quando, no exercício regular da profissão, houver efetiva prestação do serviço”, afirmou Lewandowski.

Responsável por fechar nove dos 17 acordos de delação premiada de investigados com o Ministério Público, ela renunciou a todos os clientes na semana passada e teria decidido viver em Miami, nos EUA.

Há algumas semanas, a CPI da Petrobras decidiu convocá-la para prestar esclarecimentos. O requerimento de convocação de Catta Preta foi apresentado pelo deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), acusado por outro réu, o doleiro Alberto Youssef, de agir na CPI como “pau-mandado” do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O parlamentar nega e diz que age por conta própria.

Na avaliação da OAB, a autorização e convocação da advogada Beatriz Catta Preta para prestar depoimento sobre a origem de seus honorários representa uma ofensa à inviolabilidade do sigilo profissional assegurado ao advogado.

“O investigado ou acusado criminalmente, o faz como contraprestação por um regular serviço realizado. Assim, não cabe ao referido profissional informar ao Estado sobre bens e valores movimentados por seus clientes, em respeito ao mencionado sigilo profissional. A origem dos honorários não é matéria sindicável, não é possível inspecioná-la, sob pena de ferir o direito do cidadão a uma defesa independente e altiva”, completou.

“Violar o sigilo na relação entre advogado e cliente, incluindo suas conversas e honorários, é obstrução do direito de defesa e negação do Estado de Direito. Esta garantia constitucional vale tanto para advogados dos acusados quanto para de delatores e também para os advogados que sejam auxiliares da acusação”, disse o presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coelho.

Além da OAB, o Ministério Público e o juiz Sergio Moro, que responde pelas investigações da Lava Jato no Paraná, manifestaram-se contra a convocação de Catta Preta para a CPI.

Entre as delações fechadas pela advogada, estão a do lobista Julio Camargo, que citou pagamento de propina de US$ 5 milhões ao presidente da Câmara, e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e de suas duas filhas e dos dois genros.

Comentário do programaHá fortes indícios de que a CPI da Petrobrás está sendo usada para constranger e ameaçar os réus e advogados seus no processo da Operação Lava Jato que possam prejudicar determinadas pessoas ligadas aos deputados que compõem a CPI. (LGLM)

Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *