(Folha neste sábado)
Em meio à pior crise política desde que assumiu o poder, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (7), durante evento público em Boa Vista (RR), que aguenta pressões e ameaças e que ninguém vai tirar a legitimidade dos votos que recebeu.
“Eu respeito a democracia e o voto, e podem ter certeza que, além de respeitar, eu honrarei o voto que me deram. A primeira característica de quem honra o voto é saber que é ele a fonte da minha legitimidade, e ninguém vai tirar essa legitimidade que o voto me deu”, afirmou.
Na véspera, a petista fora alvo de panelaços ao aparecer na propaganda do PT veiculada em cadeia nacional de rádio e televisão. No mesmo dia, pesquisa Datafolha mostrou que ela é a presidente mais impopular desde o início da avaliação do instituto, em 1990. Apenas 8% dos entrevistados aprovam o seu governo.
Na última semana, Dilma sofreu derrotas no Congresso e viu aliados como o PDT e o PTB se afastarem. O desgaste prolongado do governo alimentou especulações sobre o futuro de Dilma no cargo.
No evento desta sexta em Boa Vista, onde participou da entrega de 747 moradias do programa Minha Casa, Minha Vida, ela procurou fazer uma defesa do governo e tratou abertamente da crise.
“Nós temos de nos dedicar à estabilidade institucional, econômica, política e social do país. Eu sei que tem brasileiros que estão sofrendo, por isso é que eu me comprometo a trabalhar diuturna e noturnamente”, afirmou.
Dilma pediu respeito dos outros dois Poderes, o Legislativo e o Judiciário, e disse trabalhar para garantir a estabilidade do sistema político.
“O país tem uma democracia, por isso, nós devemos respeito entre os Poderes. Entre o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. E eu me disponho a trabalhar também incansavelmente para assegurar a estabilidade política do nosso país. Quero dizer a vocês que me dedicarei com grande empenho a isso nos próximos meses e anos do meu mandato”, disse.
No discurso, a presidente voltou a fazer referências a seu passado de perseguida política durante a ditadura militar, menção recorrente nestes tempos de crise.
“Sobrevivi a grandes ameaças à minha própria vida. O Brasil hoje é muito diferente daquele Brasil que tive de enfrentar. É uma democracia que respeita a eleição direta pelo voto popular”, afirmou.
Ela reconheceu que o país passa por turbulências também na área econômica, mas disse que o país tem condições de superar adversidades.
“Somos mais robustos, mais fortes. Pensem nas famílias de vocês. Antes, com qualquer problema, tendia a ter dificuldade para pagar contas externas. [O país] Não tinha dólar. Hoje, temos mais de US$ 300 bilhões de reservas. Não quebramos. [O Brasil] Pode passar por dificuldade, mas se tem recursos e não quebra.”
Neste domingo (9), Dilma reunirá o núcleo mais próximo de seu governo para discutir alternativas à crise.
Comentário do programa – Ninguém nega a legitimidade do voto. O que se contesta é a maneira como ela conseguiu que se votasse nela. Garantindo não fazer o que logo depois das eleições começou a fazer. O índice de reprovação nas pesquisas feitas depois das eleições mostra que quem a elegeu hoje não confia mais nela. Mas se “correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Se Dilma cair, quem colocará o “barco” num caminho seguro? Não será certamente o PMDB de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, mesmo que Michel Temer assuma o Governo. (LGLM)