(Folha na quinta-feira)
Apenas dois dias após ser proposta ao Planalto pelo PMDB do Senado, a Agenda Brasil, lista de medidas para a retomada do crescimento econômico, foi reformulada e ampliada, com a inclusão de medidas controversas para o governo Dilma e o PT.
Entraram na lista a redução do número de ministérios e cargos comissionados, fixação de limites para a dívida pública e até a implosão, na prática, do Mercosul.
Ao todo, o número de tópicos da agenda saltou de 27 para 43, contemplando ações destinadas a melhorar o ambiente de negócios, reduzir despesas na área social e equilibrar o Orçamento.
A nova versão do texto saiu de uma reunião nesta quarta-feira (12) entre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), outros 35 senadores e os ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbosa (Planejamento).
A agenda faz parte de uma articulação entre Renan e o Planalto para a recuperação da sustentação política da presidente, em reação à ofensiva oposicionista do presidente da Câmara dos Deputados, o também peemedebista Eduardo Cunha (RJ).
Com as modificações, o conjunto de propostas pode se tornar ainda mais indigesto para o PT e seus aliados à esquerda –apesar de ter sido retirada da lista a possibilidade de cobrança por serviços públicos de saúde conforme a renda do usuário. Depois da reunião, senadores governistas disseram que as propostas terão de ser “filtradas”.
Reservadamente, assessores presidenciais admitem que as novas medidas podem gerar polêmicas, mas ponderam que a agenda foi criada para estimular o debate.
Eles também dizem acreditar que as propostas podem dar oxigênio político ao governo, que vive uma crise que atingiu novo ápice na semana passada, quando o vice-presidente Michel Temer (PMDB) admitiu sua gravidade e falou sobre a necessidade de “unificar o país”.
Desde seu lançamento, o Planalto e o ex-presidente Lula apostam nas propostas como uma forma de o governo sair do isolamento.
Nesta quarta, o próprio Lula, em reunião com senadores na residência de Temer, celebrou a estratégia como forma de “sair da mesmice do ajuste fiscal”.
O lançamento da agenda selou a aproximação de Dilma e Renan, iniciada em um encontro em 14 de julho.
Apesar de o governo afirmar que a agenda está aberta a contribuições, parlamentares da oposição não demonstraram entusiasmo com as propostas. Agripino Maia (DEM-RN) classificou o encontro como “insosso”.