(Folha, na sexta)
O juiz federal Sergio Moro, que atua nos processos da Operação Lava Jato, defendeu nesta quinta (20) que as empresas ajudem no combate à corrupção, admitindo crimes e fazendo acordos com a Justiça, como nos Estados Unidos.
“Na corrupção, tem quem se corrompe e quem paga. A iniciativa privada tem muito mais chances de mudar [o sistema judicial] do que o poder público, que é muito ineficiente”, disse Moro.
Segundo o magistrado, que elogiou o sistema judicial dos EUA, entre 85% e 90% dos casos naquele país acabam em acordo judicial, com reconhecimento de culpa.
Moro participou de simpósio em São Paulo organizado pela Alae (Aliança de Advocacia Empresarial), grupo que atua em grandes corporações. Foi aplaudido de pé.
Ele falou sobre a Operação Mãos Limpas, que atacou a corrupção na Itália a partir de 1992. Segundo Moro, apesar de similaridades com a Lava Jato, como o pagamento sistemático de propina e o financiamento ilegal a partidos, o tamanho das investigações é incomparável. A Mãos Limpas investigou 4.520 pessoas, dos quais 800 foram presos –na Lava Jato até agora foram 105, segundo o Ministério Público Federal.
Ainda segundo o juiz, 40% dos investigados na Itália escaparam de punição por lentidão da Justiça ou por anistias.
Comentário do programa – Ameaça de prisão amolece os homens. Ameaça de prejuízo financeiro amolece as empresas e, através delas, os seus executivos que terminarão confessando tudo o que sabem. (LGLM)