O PT pelo avesso

By | 13/09/2015 6:36 am

 

(Editorial da Folha na terça)

O Pixuleko, boneco inflável que representa o ex-presidente Lula (PT) em trajes de presidiário, vai-se provando um sucesso. Apareceu pela primeira vez em Brasília no dia 16 de agosto, durante protesto contra o governo Dilma Rousseff (PT); circulou em seguida por capitais como São Paulo e Curitiba e agora começa a se multiplicar.

Grupos de Brasília, São Paulo e Fortaleza aproveitaram manifestações do 7 de Setembro para exibir réplicas variadas do Pixuleko –o nome faz referência ao termo que, segundo um dos delatores da Operação Lava Jato, era empregado por João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, para tratar de propina.

Na Esplanada dos Ministérios, o Movimento Brasil, que criou a primeira versão do ícone, diz ter vendido 600 miniaturas do boneco, ao preço de R$ 10 a unidade. O grupo também comercializa, por R$ 30, camisetas com a imagem do Pixuleko ou do rosto de Sergio Moro, juiz federal responsável pela Lava Jato em Curitiba.

De acordo com integrantes do movimento, tais negócios ajudam a bancar viagens de manifestantes e a manutenção dos bonecos gigantes –o maior deles mede 12 metros de altura e chega a 300 quilos quando inflado.

A ironia salta aos olhos. Nas décadas de 1980 e 1990, um PT bastante diferente do atual também vendia adesivos e bandeiras para financiar suas atividades partidárias. Contava para isso com militantes de carteirinha que assumiam a tarefa voluntariamente.

Iniciativas dessa natureza parecem hoje impensáveis para uma agremiação que se profissionalizou a caminho da Presidência –e que, instalada no poder, protagonizou os maiores escândalos de corrupção de que se tem notícia, nos quais desvios de dinheiro público e recursos de campanhas eleitorais andaram ruinosamente juntos.

Petistas históricos como José Genoino e José Dirceu viram-se condenados pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do mensalão; o mesmo Dirceu volta ao cárcere em meio às investigações da pilhagem na Petrobras.

Não admira que o número de simpatizantes do PT seja cada vez menor, ou que exista uma debandada de prefeitos dispostos a tentar a reeleição em 2016 por outra sigla. A imagem da legenda está cada vez mais associada à dos esquemas ilícitos que abrigou, e seus principais nomes pouco fazem para mudar esse quadro.

Entende-se, pois, o sucesso do Pixuleko. Mesmo que nada esteja provado contra Lula, o boneco vestido de presidiário sintetiza a ojeriza que seu partido desperta em camadas crescentes da sociedade. A oposição, não por mérito das agremiações políticas, arrumou um símbolo anti-PT. Falta ainda um programa de governo.

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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