(Agência Senado)
A trajetória política do paraibano Antonio Mariz, senador pelo período de 1991 a 1994, foi relembrada em sessão especial do Senado, nesta quinta-feira (17), em memória pelos 20 anos de sua morte. A homenagem foi solicitada pelo senador José Maranhão (PMDB-PB), que foi vice na chapa de Mariz para o governo da Paraíba nas eleições de 1994. Mariz faleceu vítima de câncer, em 1995, quando era governador do estado.
Em seu discurso, Maranhão lembrou o início da militância política de Mariz, que ocorreu no centro acadêmico da Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, onde estudava. Atuava como promotor de Justiça quando concorreu a seu primeiro cargo eletivo: a prefeitura de Sousa, na Paraíba, em 1963.
Seu ingresso na política se deu pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) do então presidente João Goulart. Com o golpe militar de 1964, foi afastado do cargo de prefeito e obrigado a responder a um Inquérito Policial Militar.
Na ocasião, um dos destaques da campanha de Mariz à Prefeitura de Sousa, conforme relembrou Maranhão, foi o compromisso público de prestar contas de todo o dinheiro que entrasse e saísse dos cofres do município.
— A transparência foi uma marca da sua gestão. Por meio da Rádio Difusora Rio do Peixe, todos os dias prestava contas das despesas e receitas públicas — comentou Maranhão.
A integridade e a coerência foram características associadas a Mariz em discurso do senador Raimundo Lira (PMDB-PB). Sua atuação na Assembleia Nacional Constituinte acabou lhe rendendo, conforme assinalou, o título de Constituinte nota 10 pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
— Isso foi o reconhecimento do trabalho em favor do cidadão brasileiro — comentou Lira, citando o apoio de Mariz à inclusão de direitos trabalhistas na Constituição de 1988, como a jornada de 40 horas semanais e aviso prévio, e de direitos fundamentais derrubados durante o regime militar.
Colega constituinte de Mariz, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) observou que, desde sua adesão à Arena, ele era uma voz dissonante dentro do partido que sustentava a ditadura.
— Ele abria uma dissidência fundamental ao processo de abertura democrática. Era um homem à frente de seu tempo e sempre teve a firmeza para atitudes polêmicas. Tinha uma postura progressista na luta pela redemocratização do país — sustentou Cássio.