(Marcos Tavares, colunista do Jornal da Paraíba, na terça)
Há uma tradição arraigada nessa terra brasiliense que toda CPI termine em pizza. Não foi diferente com a CPI da Petrobras presidida pelo deputado paraibano Hugo Motta, que perdeu uma chance de ouro de sedimentar seu nome nacionalmente. Motta é um pupilo de Eduardo Cunha e foi colocado por ele na presidência da tal CPI. Como tal, carecia de autonomia e autoridade para fazer o que uma CPI deve fazer, investigar a fundo o assunto de sua alçada. A CPI termina melancolicamente justamente quando se agrava a situação de Cunha e sem indiciar ninguém, sem revelar nada que a Justiça e o Brasil já não soubessem pela imprensa.
Motta sai arranhado desse episódio e poderá se arranhar muito mais se o processo contra Cunha chegar a retirá-lo da presidência da Câmara e até do mandato. Nesse caso, Motta será conveniente posto na geladeira pela forte contaminação que teve com Cunha, inclusive empregando uma sua filha, Danielle Cunha, como sua assessora justamente na comissão que, entre outros, investigava o próprio Cunha. Pode e deve ser legal, mas não é ético, e numa hora em que o Brasil necessita de ética, a situação de Motta não será boa. Ele teve tempo, recursos e apoio da sociedade, mas preferiu continuar fiel as suas amizades.
Não será nem a primeira nem a última CPI que termina de maneira melancólica. A instituição CPI já estava fragilizada, desmoralizada desde que serve apenas como palco para novos atores e holofotes da mídia para políticos. Nunca uma CPI foi fundo na análise e denúncia de seus temas. Não seria, pois, Motta, fiel aliado de Cunha, quem iria quebrar esse paradigma. No máximo, ele apostou no cavalo errado, já que o destino de Cunha não parece brilhante e nesse caso ele sofrerá junto o dissabor de perder o mestre e o prestígio. São coisas que somente o tempo dirá, o que nos obriga a esperar para ver.
Comentário do programa – Hugo bem que tentou acobertar o seu padrinho Eduardo Cunha. Se Cunha for “enterrado”, o prestígio de Hugo se “enterra” com o padrinho. (LGLM)