(Publicado no Patos Online)
A maior preocupação nos tempos de crise econômica é o desemprego. Todo dia ouvimos na imprensa notícias alarmantes sobre desemprego, que nos grandes centros já alcançam níveis que só foram atingidos há muitos anos. Nós temos, porém, como ajudar a garantir o nosso emprego e dos nossos vizinhos com uma ideia muito simples. Adquirindo os produtos produzidos na nossa região e comprando nos estabelecimentos da nossa região.
Vamos tomar como exemplo a cidade de Patos. Nós produzimos macarrão, café, arroz, fubá, doces, bebidas, sabão, material de limpeza, confecções, panelas de alumínio, produtos de marmoraria, móveis, portas e janelas e por aí afora. Se nós comprarmos os produtos fabricados na nossa cidade, nós estaremos garantindo o nosso emprego e o de nossos amigos que trabalham nas fábricas que os produzem.
A mesma coisa acontece com as lojas onde nós nos abastecemos. No comércio de Patos nós podemos comprar quase tudo de que se precisa. Se nós comprarmos nas lojas de nossa cidade, nós estamos garantindo o emprego de todos os que trabalham nessas lojas.
Eu sempre pratiquei esta filosofia com relação aos que dão o que chamamos de apoio cultural aos nossos programas. Eu faço feira em um anunciante; compro remédios noutro anunciante; adquiro produtos veterinários em um outro; se for comprar uma bicicleta procuro quem apoia meu programa; se preciso de um móvel ou eletrodoméstico já sei onde adquiri-lo, procurando um anunciante; se vou consumir uma bebida dou preferência a uma fabricada por uma empresa que apoia meu programa e assim por diante. Ao dar preferência aos meus apoiadores culturais, eu estou prestigiando os seus produtos e ao mesmo tempo estou garantindo o apoio que estou recebendo.
É esta prática de muitos anos que me inspirou a ideia que estou explorando neste artigo. Patos tem hoje um comércio dos mais prósperos, um parque industrial diversificado, produzindo produtos de alta qualidade, é um centro de saúde onde existem quase todas as especialidades, tem dezenas de cursos de nível superior abrangendo quase todas as atividades. Por que razão eu vou procurar lá fora os produtos ou serviços de que preciso, se eu posso encontra-los aqui por um preço razoável e ao mesmo tempo ajudando a manter milhares de pessoas empregadas, inclusive eu, meus parentes e meus amigos?
O SEBRAE está fazendo uma campanha para que consumamos os produtos das pequenas empresas que existem perto de nós, no nosso bairro, na nossa cidade. Eu sugiro que você consuma tudo o que é oferecido na sua cidade, seja no comércio, seja na indústria, seja nos serviços.
Eu já senti de perto uma injustiça que se comete com os profissionais da terra, vinte anos atrás, quando advogava em Patos. Um determinado cidadão sofreu um processo penal e precisou ir a júri. Na época nós já tínhamos excelentes profissionais trabalhando no Tribunal do Júri aqui em nossa cidade. O cidadão, entretanto, contratou por uma fortuna um advogado de Campina Grande. Desconhecendo a cidade, desconhecendo os jurados, desconhecendo as reações da população, o advogado fez o mais lógico. Subcontratou um dos bons advogados locais, por um preço que o colega cobraria normalmente, mas que era apenas uma parte do que o advogado de Campina Grande havia cobrado. Como o advogado local só foi contratado às vésperas da sessão do Júri, não houve mais tempo para fazer um trabalho de convencimento a nível local e o réu terminou sendo condenado. O advogado local, se tivesse sido contratado com antecedência, talvez tivesse conseguido a absolvição, sem precisar da presença do grande nome da advocacia campinense. Vários outros advogados que militavam no Foro local, também tinham condições de obter um resultado favorável, já que a causa não era tão difícil assim. Ao esnobar os profissionais locais, o réu, um cidadão que gozava de bom conceito na cidade, terminou se dando mal. Todos os envolvidos já morreram, mas prefiro não citar nomes em respeito a todos eles e seus familiares. Mas muita gente se lembra destes fatos.
Outro fato, que eu lembrava esta semana, em conversa com amigos. Há uns trinta anos atrás, um cidadão patoense, procurou um famoso oftalmologista da capital do Estado para se submeter a uma cirurgia numa das vistas. Na conversa com o cliente o médico descobriu que ele residia em Patos. E disse ao cliente num rasgo de sinceridade: “Muito obrigado pela preferência que me deu, mas em Patos você tinha um profissional, tão competente com eu, que frequentou o mesmo curso e fez as mesmas especializações que eu fiz. Fomos colegas em curso, até no exterior”.
Há quarenta anos, fomos fazer um curso no Rio de Janeiro, juntamente com um colega aqui de Patos. Este colega foi convidado para ser padrinho de casamento de um amigo lá no Rio e precisou comprar um terno. Fomos a uma loja e o colega examinou vários exemplares que o lojista tinha no seu estoque e terminou escolhendo um que lhe “sentou” bem e tinha um excelente acabamento. Já ia se dirigindo ao caixa para fazer o pagamento quando resolveu verificar onde era fabricado o produto que lhe agradara. E pagou a compra com o maior prazer. O terno fora fabricado em João Pessoa, pela Vila Romana. Pena que não temos mais Arnaldo Diniz, Viroca, Bodinho, Tico Alfaiate, Neco Alfaiate, Inacinho e outros cobras, e os ternos já são comprados prontos. Mas produzimos excelentes confecções.
Infelizmente, como dizia Jesus, ninguém é profeta em sua própria terra. Mas temos que mudar isto. Nós temos aqui excelentes produtos e excelentes profissionais, por que ir buscar lá fora produtos e profissionais talvez de qualidade inferior aos que temos aqui.
Vamos começar uma campanha: “Compre produtos fabricados em Patos e região. Dê preferência às empresas e profissionais da nossa terra. Vamos garantir o emprego de todos nós”. Quando eu digo Patos, eu penso na Grande Patos, na nossa região metropolitana. Não se veja nisso a hostilidade para com as outras cidades. Que elas façam campanhas no mesmo sentido, se têm produtos tão bons quanto os nossos. (LGLM)