(Jornal da Paraíba, nesta sexta)
Ainda tentando encontrar explicações para o crescimento significativo dos casos de microcefalia no Nordeste brasileiro e sua possível relação com o zika vírus, pesquisadores e autoridades do setor de Saúde estão preocupados com as dimensões que a doença pode ganhar nos primeiros meses do próximo ano. Pesquisadora em Medicina Fetal, a médica Adriana Melo, que primeiro identificou a possível relação entre o vírus e a doença, acredita que no início do próximo ano o país pode enfrentar uma situação de caos em relação à microcefalia.
Informação similar foi levantada ontem, após uma reunião para tratar do assunto entre a presidente Dilma Rousseff e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. A presidente recebeu recentemente uma projeção de que nos meses de fevereiro e março existe a possibilidade de serem registrados milhares de casos da doença em 14 estados. Ainda conforme a reportagem, a informação de que fevereiro e março devem ser os meses mais críticos foi confirmada pelo governador de Pernambuco, estado com o maior número de casos, que preferiu não falar em números.
“Esses meses devem ser mais críticos porque é a época pós-chuva. Acho que vamos ter um estado caótico. Ou a sociedade combate o mosquito até janeiro ou pode esperar calamidade”, enfatizou Adriana. Na avaliação da médica, um dos principais problemas é a falta de atitude da maioria das gestantes para se prevenir contra a zika.
“O que eu noto é que elas (as gestantes) estão ficando estressadas, mas o estresse não se traduz em atitudes. Está todo mundo preocupado que a gente descubra a causa da microcefalia, mas ninguém está preocupado com uma coisa que a gente já sabe: independente de qualquer coisa, tem que se matar o mosquito”, lamentou.
Ela também alertou as gestantes que o período mais crítico em relação à microcefalia são os quatro primeiros meses, mas que outras sequelas podem ocorrer depois dessa fase. “O que está acontecendo é que as pacientes depois estão ficando bem tranquilas, mas não sabemos se podem surgir coisas mais leves. A gente sabe que não dá mais microcefalia, mas a gente não pode dizer que não tem nenhuma sequela”, pontuou Adriana, que está coletando líquido amniótico de outras pacientes voluntárias para dar continuidade à pesquisa sobre as causas da doença. (Com informações da Folhapress)
Segundo o último boletim divulgado esta semana pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), a Paraíba já notificou 104 casos entre agosto e quinta-feira da semana passada. Para evitar um crescimento ainda maior, as gerências regionais da SES estão realizando encontro com as secretarias de Saúde dos municípios para orientar sobre as ações de combate ao mosquito e o protocolo de atendimento a ser adotado nos casos da doença. Ontem foi a vez da 3ª Gerência Regional de Saúde (3ª GRS), com sede em Campina Grande, que abrange 42 municípios da região.
Comentário do programa – A descoberta deste surto de microcefalia com fortes indicações de que seja provocada pelo zika vírus, transmitido pelo Aedis Egipty, torna mais urgente a necessidade de combatermos o mosquito. Além de todos os problemas já conhecidos, inclusive a dengue hemorrágica, agora apareceu esta outra consequência danosa do famigerado Aedis Egipty. Morte ao mosquito. (LGLM)