Como me tornei radialista (1).

By | 06/12/2015 3:55 am

 

Antes de começar o artigo de hoje, uma explicação. Recentemente, gravei com o colega José Augusto Longo uma entrevista sobre o rádio pioneiro que fizemos em Patos, cinquenta/sessenta anos atrás. A entrevista será divulgada NA SALA DE CONVERSA, programa da nova TV Sol, canal fechado de televisão, divulgado na Sol TV, do conglomerado Sol Telecom, comandado pelo empresário Jânio Medeiros. Depois da gravação do programa, li um livro do jornalista e radialista Gilson Souto Maior (HISTÓRIA E RADIOJORNALISMO) em que ele conta muitas histórias do rádio paraibano, principalmente de Campina Grande e João Pessoa, onde ele tem atuado. Conta também um pouco da história das principais emissoras de rádio paraibanas. Daí me surgiu a ideia de um trabalho conjunto em que contássemos a história da radiofonia patoense. Como alguns de nós já temos colunas na internet, a ideia é irmos divulgando as histórias de que formos nos lembrando, nas nossas colunas, e no futuro reunir este material em um livro. Já conversei com o colega Luís Carlos, que aderiu à ideia na hora e prometeu já começar a divulgar, na coluna que mantém no portal Patos Metrópole, as histórias de que for se lembrando, muitas das quais já vinha rascunhando. Estamos em contato com José Augusto Longo (Zé Augusto já concordou com a ideia) e Dr. Sousa Irmão, radialistas dos velhos tempos, que mantêm, como eu, colunas no Patos Online, para que divulguemos as histórias de que formos nos lembrando. É a única maneira de preservarmos as histórias da radiofonia patoense, já que nós (principalmente eu e Zé Augusto) já estamos descendo a ladeira. Luiz Carlos e Sousa, são mais modernos. Mas não valem apenas as histórias de cinquenta anos atrás. Os colegas mais modernos também têm as suas histórias e podem ir divulgando-as para conhecimento da posteridade. Eu por mim (ninguém sabe o dia de amanhã) vou começando aqui a minha colaboração para a história da radiofonia patoense.

Radialista é todo aquele que trabalha nas atividades-fim de uma emissora de rádio. Atividade-fim é aquela que cumpre a função para a qual a empresa foi criada. São radialistas os locutores, os apresentadores, os operadores de áudio, os operadores de transmissor, os operadores de gravação, os produtores e redatores de programas, os técnicos, os diretores artísticos e comerciais. Não seriam radialistas aqueles que exercem atividades-meio, como as existentes em todas as outras atividades como auxiliares de serviços gerais, recepcionistas, secretários, tesoureiros, porteiros e outras semelhantes. O artigo 4º da Lei nº 6.615, de 16 dezembro de 1978, relaciona as funções dos que são considerados radialistas. O público não os distingue, trabalhou em rádio é radialista.

Eu andara “aperuando” na Difusora Cruzeiro do Sul, de Otacílio Monteiro (Otacilio Divino ou de Vino), que funcionava na rua Peregrino de Carvalho, próximo ao Mercado Velho. Ele me deixara ocupar os microfones em algumas oportunidades lendo propagandas ou anunciando as músicas que eram rodadas nos programas. Gostara da minha facilidade de leitura, embora não tivesse o vozeirão que era apreciada nos meios radiofônicos e afins. Participara de alguns programas estudantis que eram apresentados aos domingos da Rádio Espinharas e chamara a atenção de Zé Gouveia, experiente locutor da emissora, (irmão de Batista Gouveia, Fildany e Petrônio) que comentou com Durval que era gerente da rádio. Durval era também tesoureiro do Colégio Diocesano onde eu já ensinava. Como a Espinharas ia fazer um teste para locutor, Durval sugeriu que eu me submetesse ao teste. Vários candidatos se submeteram e foram aprovados três deles: Genofo Machado, Antônio de Sousa (Toinho da Barraca) e eu. Os outros dois tinham boa voz e liam bem. Eu não tinha a voz tão boa mas lia muito bem e tinha facilidade de expressão adquirida como professor. Começamos a trabalhar em horários diversos da emissora. A mim me tocou abrir a rádio, ou seja, fazer os primeiros programas do dia que eram um programa de violeiros (Violas e Repentes) em que apresentava os repentistas Antônio Américo e Manoel Francisco e um programa de música nordestina, O BOM DIA NORDESTE. Durante o programa mandava “abraços” para muitos ouvintes o que me rendia presentes os mais diversos. Antônio Américo comandou o programa VIOLAS E REPENTES durante mais de vinte anos, sendo ele próprio, no final, o apresentador.

Como a rádio começava a funcionar às cinco horas da manhã, eu tinha de acordar às quatro e meia para chegar a tempo. Meu companheiro na abertura da rádio, como operador de áudio, era Orlando Xavier, já com vários anos de experiência. Quando chegávamos na rádio, Zacarias Souto já havia aberto a porta e estava varrendo os estúdios. Orlando sempre gostou de tomar “umas e outras” e na segunda-feira era comum chegar com alguns minutos de atraso. Como a emissora tinha que entrar no ar na hora certa, eu tinha que “dar uma” de loco-operador, função comum hoje nas emissoras FM, onde o profissional é ao mesmo tempo locutor e operador. Naquela época, a cabine de locução era separada da sala de controle, por portas que ficavam um ao lado da outra, o que nos obrigava a fazer a parte da abertura gravada, no controle, “abrir” o microfone e correr para a cabine para fazer a parte da abertura falada. Dali a instantes Orlando chegava e as coisas entravam nos eixos. O fato acontecia eventualmente nas segundas-feiras, quando Orlando curtia uma ressaca, e como o meu relacionamento com Orlando era muito bom (éramos amigos de infância), a direção da emissora nunca soube disso. Depois dos dois programas iniciais havia um programa de variedades um dos quais me lembro bem se chamou “É DISCO QUE EU GOSTO”.  Depois havia outro programa de música nordestina, este ao vivo com o grande sanfoneiro Agamenon Borges, era o AGAMENON SHOW. O sucesso do programa fez inclusive com que Agamenon chegasse a ser eleito vereador em Patos.

Num próximo programa continuaremos a contar esta história. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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