Por Luiz Gonzaga Lima de Morais | 04/12/2015 | 17:31 (No blog da REVISTA DA SEMANA)
Outros partidos, além do PT têm se manifestado contra o processo de impeachment movido por adversários de Dilma e deflagrado por Eduardo Cunha ao dar seguimento ao processo. Na quinta-feira, quem se manifestou contra o impeachment foi a Rede de Marina Silva. Hoje foram o PSOL e o PDT. Reproduzimos as declarações do deputado Chico Alencar, líder da legenda na Câmara dos Deputados, ao anunciar a posição do PSOL: “A decisão, no entanto, não significa apoio do partido ao governo Dilma, segundo afirmou o líder da legenda na Câmara, Chico Alencar (RJ). “O PSOL não apoia o contexto e o conteúdo desse processo de impeachment. Votaremos contra na comissão e no plenário”, disse Alencar. “O que não significa nenhum apoio ao governo Dilma. Continuaremos a fazer oposição programática, de esquerda”, disse. Segundo o deputado, o partido entende que as chamadas pedaladas fiscais não são motivo suficiente para afastar um governante. “Para nós, no mérito, pedalada em si é insuficiente para produzir impedimento de governante, até porque ela está dentro de uma concepção de orçamento, de ajuste fiscal, de meta superavitária, que para nós não é dogma absoluto”, disse Alencar. Além disso, Alencar diz haver um “vício de origem” na deflagração do processo, em referência às acusações feitas pelo PT de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ameaçava iniciar o processo caso o partido não garantisse votos pelo arquivamento do processo contra ele no Conselho de Ética.
Também nesta sexta-feira, o PDT anunciou sua posição contrária ao impeachment de Dilma. Em nota assinada pelo presidente do partido, o ex-ministro Carlos Lupi, a legenda afirma: “O PDT diz não ao golpismo e reitera que vai lutar contra ele, com todas suas forças”, diz o texto da nota. Na nota, o partido classifica como “atitude irracional” a decisão de Cunha de aceitar a denúncia do impeachment. “Não faz sentido que um deputado que está sendo processado pela Comissão de Ética da Câmara dos Deputados e está na mira dos ministérios públicos do Brasil e da Suíça – inclusive por manter contas bancárias ilegais no exterior – queira com uma simples canetada tirar a legitimidade de um mandato popular conquistado nas urnas através de milhões de votos dos brasileiros”, diz o texto. O partido possui uma bancada de 18 deputados e terá dois integrantes na comissão especial que analisa o impeachment.
A Comissão Brasileira Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), emitiu uma nota nesta quinta-feira (3) sobre a situação que vive o país. Contudo, os bispos não falaram sobre os princípios que a Bíblia estabelece para os governantes terem sucesso. Limitou-se a defender a presidente Dilma Rousseff (PT) e atacar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A CNBB questiona os motivos que fizeram Cunha aceitar o pedido de abertura do processo. A análise dos religiosos externa “imensa apreensão”, e afirma que a atitude de Cunha “carece de subsídios que regulem a matéria”. Os bispos acreditam que Cunha agiu por interesse pessoal. Classificaram a atitude de “exercício da política voltada para interesses contrários ao bem comum”. Aparentemente, a atual liderança episcopal esquece que na época do processo similar que afastou Fernando Collor de Melo do poder, eles promoveram uma manifestação pela ética na política.
(Com material da Folhapress)
Comentário do blog – Para alguns, caso do PSOL por exemplo, as pedaladas não justificam o impeachment. Todos se manifestam, entretanto, contra os motivos que levaram Eduardo Cunha a levar adiante um processo que ele mantinha na gaveta. Não foram nobres os seus motivos para segurar e agora deflagrar o processo. Sua única intenção ficou agora patente. Segurou o processo para chantagear o governo e deflagrou o processo quando se sentiu acuado, sendo processado na Comissão de Ética da Câmara por falta de decoro parlamentar, como uma espécie de vingança por que o PT não o apoiou na tentativa de abafar o processo contra ele. Desejoso de emplacar Michel Temer como presidente, PMDB talvez termine só e não consiga derrubar Dilma. (LGLM)