Por Luiz Gonzaga Lima de Morais | 05/12/2015 | 06:51
Não vamos comentar irregularidades cometidas, nem apontar culpados. Afinal as investigações estão em andamento. Mas temos certeza de que Ministério Público Federal, Controladoria Geral da União e Ministério Público Estadual não viriam a Patos procurar fantasmas. Se eles vieram a Patos, fazer busca e apreensão de documentos da Prefeitura, ouvir pessoas ligadas à administração, é por que encontraram, em alguma parte, indícios de irregularidades. Não se faz uma operação envolvendo seis procuradores da república, 22 promotores de Justiça do Gaeco e 12 auditores da CGU, com apoio logístico de um bom número de agentes da Polícia Rodoviária Federal, a cata de ninharias. E o mais preocupante, esta foi a segunda operação na Prefeitura de Patos, em menos de sessenta dias e por motivos diferentes.
Quem não deve estar se sentindo moralmente bem, tenho certeza, é a prefeita Francisca Motta. Ela não merecia isto. Depois de uma carreira política, que se não foi brilhante, foi pelo menos decente, é certamente doloroso para ela, ver a sua administração sob tão sérias suspeitas. Pela sua história de vida, temos certeza de que ela não pactua com as pretensas irregularidades que são objeto de apuração, mas, provadas as irregularidades, se apurado que aconteceram na sua administração, ela levará a fama de que, como parlamentar, deu conta do recado, mas como administradora, se deixou envolver por pessoas que não lhe deveriam ter merecido a confiança. É uma pena para quem prometeu ser a prefeita da Saúde, ver se levantarem suspeitas por parte do MPT, CGU e GAECO de terem acontecido durante a sua administração ou de pessoas que receberam seu aval político, a desumanidade de desviar recursos destinados à saúde e à educação. Temos certeza de que o nome dela será isentado de participação pessoal, mas a sua administração e de amigos seus poderão sair chamuscadas dos dois recentes episódios.
Na sexta-feira, a operação iniciada nas primeiras horas da manhã se prolongava, pelo menos, até o início da noite, quando algumas pessoas continuavam a depor ou testemunhar perante procuradores, promotores e auditores.
Concluída a operação aguardava-se a emissão de uma nota oficial que desse mais esclarecimentos sobre o que aconteceu até agora. É o sigilo, que, ao contrário do que muitos pensam ou queiram insinuar, não visa apenas preservar pessoas e evitar mal-entendidos, mas visa também evitar que culpados se evadam, que documentos e provas sejam destruídas ou manipuladas, que depoimentos sejam forjados ou preparados e outras manobras mais.
No final da tarde da sexta-feira, circulou a informação de que a Polícia, durante diligência na Fazenda do prefeito da cidade de Emas, também objeto da operação, encontrou um arsenal composto de dez armas de fogo, entre elas espingardas ponto 44 e 45, três revólveres calibre 38, espingardas doze, entre outras armas. O caseiro da propriedade e as armas foram encaminhadas para a Delegacia da Polícia Civil em Patos. A informação foi prestada pela própria polícia.
Outras informações dão conta de que uma empresa de Segundo Madruga seria quem executava obras da Prefeitura de Patos, no lugar de empresas fantasmas que ganhavam as licitações da Prefeitura de Patos. Não sabemos se apuração destes fatos já tem cunho oficial. Segundo Madruga era casado com uma filha do ex-prefeito Nabor Wanderley, neta da prefeita Francisca Motta, motivo de seu trânsito junto à administração local. Mas que não se veja aqui nenhuma insinuação.