Servidores da rede municipal de saúde fecharam ontem postos médicos alegando falta de pagamento dos seus salários, apesar de ser o décimo dia do mês. Temos que ser solidários com o movimento deles. A quase única coisa que o pobre tem, quando ainda tem, é o crédito. Sem crédito, passa a ser miserável. Como todo mundo tem compromissos no início do mês, quem recebe atrasado termina pagando com atraso e a consequência é a perda de crédito. Por isso é doloroso qualquer atraso de salário, e a área de saúde, conforme denunciam os atrasos são comuns.
Mas ao fechar as unidades de saúde eles estão penalizando uma parte da população com que deveriam ser solidários. Aqueles tão pobres quanto eles. Pior do que a falta de crédito é a falta de assistência médica. Os servidores poderiam manter uma parte do quadro de cada unidade trabalhando e os que gostam de participar das mobilizações iriam para as ruas e se manifestar das mais diversas maneiras. Fazer piquetes, fazer caminhadas portando cartazes denunciando o que esteja errado, fazendo manifestação na porta da Prefeitura ou na Secretaria de Saúde, utilizando enfim todas as formas de chamar a atenção da imprensa.
Claro que para a imagem de uma prefeita que se dizia prefeita da saúde, a imagem de postos médicos fechados por falta de pagamento é um desmentido muito mais categórico. É uma desmoralização da imagem de quem diz trabalhar com responsabilidade. Mas não podem, justamente os mais pobres, pagar o preço da desorganização da administração municipal. Está muito perto da hora de se dar o troco.