Como me tornei radialista (final)

By | 20/12/2015 1:30 am

 

(Luiz Gonzaga Lima de Morais, no Patos Online)

Em programa anterior comecei a contar como me tornei radialista. Como o artigo ficou longo para rádio, tiver que interrompê-lo para retomá-lo agora, contando com se fazia rádio naqueles velhos tempos.

Na abertura dos programas era comum anunciar os nomes do apresentador e do operador. No começo eu tentava empostar a voz como faziam os locutores mais experientes e me apresentava como Lima de Morais. Um dia, Djalma Casado, radialista experiente e assessor da direção, me disse que eu não precisava empostar, devia usar minha voz normal, pela qual seria identificado em toda parte. Segui seu conselho e não me arrependi, até hoje os ouvintes me identificam até no escuro ou em lugares em que nunca fui. A mesma coisa acontece com o nome, ouvintes quando me identificam, sabem o meu nome todo: Luiz Gonzaga Lima de Morais.

Na época, a emissora, embora fosse considerada pertencente à Diocese de Patos, era registrada em nome do então bispo diocesano Dom Expedito Eduardo de Oliveira, do vigário geral Monsenhor Manoel Vieira e do vigário da Paróquia da Guia Padre Milton Arruda de Alencar. Posteriormente, com orientação do Padre Monsueto de Lavor, diretor da emissora da Diocese de Petrolina, que terminou sendo senador por Pernambuco, foi criada a Fundação Cultural Nossa Senhora da Guia, sob a presidência do bispo diocesano. A ata da criação da Fundação foi ditada por Padre Monsueto e lavrada por mim, sendo subscrita, como de praxe, pelos demais presentes ao ato, devendo constar dos documentos da Fundação.

Durval Fernandes, sobrinho de Mons. Vieira, era o gerente e tesoureiro. Como tinha também suas atividades de professor e tesoureiro do diocesano, Durval terminou me recrutando como auxiliar. Ajudava na tesouraria, fui Diretor de Publicidades e Diretor Comercial. Amaury de Carvalho era discotecário e diretor artístico. Jurandir Marques da Nóbrega, diretor de Jornalismo no que foi sucedido por Edleuson Franco, redator da emissora desde 1965 e ajudando José Augusto Longo, narrador esportivo, no departamento Esportivo. Edleuson se tornou depois também narrador esportivo, contado entre os melhores do Nordeste.

Além das atividades burocráticas, continuei com as funções de locutor apresentador e locutor/comentarista de eventos. Um dos eventos em que a emissora mais se empenhava era na transmissão do carnaval. Quase toda a equipe de operadores e locutores participava da cobertura do carnaval, no Tênis, na AABB e no Campestre. Minha primeira transmissão externa com pouco tempo na emissora foi a cobertura de uma formatura do Tiro de Guerra. Era feita no final do ano e o local escolhido era o espaço entre a Praça João Pessoa, naquela época ainda com a feição tradicional de praça com coreto no centro, e o Colégio Estadual. Fiquei “cheio de pernas” para fazer a transmissão, mas graças à experiência como professor, terminei dando conta do recado. Daí para frente era escalado para todo tipo de transmissão externa: missas solenes, ordenações de padres, enterros, carnaval, formaturas de estudantes, inaugurações, convenções partidárias, comícios e cobertura de eleições e apurações. Em 1965, transmitimos toda a campanha de João Agripino no Sertão com exceção de Cajazeiras e Sousa. Foram dezessete comícios, sendo dezesseis de João Agripino e um de Ruy Carneiro. O preferido do MDB era Batista Leitão. A equipe de transmissões que viajava era formada por Chico Fiapp, Jabiraca e eu, além de um motorista (Zé Pedra ou Nilson Peri). Levávamos um transmissor, uma escada que geralmente conseguíamos no local, malas de som, fios e microfones. Todo mundo trabalhava. Jabiraca e o motorista levavam o material, eu segurava a escada e Chico Fiapp subia na escada para instalar a fiação com a ajuda de Jabiraca. Jabiraca, que depois virou também massagista do Esporte, era meu primo Roberto Fernandes de Lima Lins, filho de minha tia Iraci. Transmitimos comícios em Patos, em Prata, em Pombal, em Catolé do Rocha e outras cidades sertanejas. Em Catolé do Rocha eu me empolguei tanto que Padre Luciano terminou mandando encerrar a transmissão. Como transmitíamos “sem retorno” ou seja sem ouvir a emissora, só na volta é que soube que a transmissão fora encerrada assim que me animei demais. Foi a primeira eleição em que votei e estava empolgado com a candidatura de João Agripino, que foi o melhor governador da Paraíba até agora.

Depois que fui trabalhar no Banco do Brasil, em Piancó, em 1967, continuei colaborando com a Rádio Espinharas. De Piancó transmiti as ordenações dos Padres Severino de Alencar Lopes e José Lopes Sobrinho. Todo ano colaborava com as transmissões do carnaval. Em 1970 voltei a trabalhar em Patos e em 1972 lancei a Revista da Semana, que apresentei até 1974, quando fui transferido, pelo Banco do Brasil, para Recife. Em 1979, vim transferido para a agência de Teixeira onde trabalhei até 1971, voltando para Patos onde fiquei até 1983. Em 1980 voltei a fazer a Revista da Semana, que venho apresentando ininterruptamente desde então. Desde 1979 voltei a colaborar com a Espinharas, inclusive, comentando futebol, numa época que nossos comentaristas esportivos, Virgílio Trindade e Nestor Gondim, viraram treinadores de Nacional e Esporte, respectivamente. Em 1982, junto com Edleuson Franco, convencemos Padre Valdomiro a assumir a direção da Rádio Espinharas, para evitar que a emissora fosse vendida, depois de uma reunião do clero em que Padre Constant entregou a direção da rádio dizendo que ela era inviável financeiramente. Ficamos até 1983, assessorando Padre Valdomiro na direção da emissora, época em que fizemos um “enxugamento do quadro de funcionários”, dispensando sete colaboradores para diminuir a despesa da folha de pagamento. Chico Tomaz, um dos dispensados, nunca me perdoou. Com a morte de dom Expedito, Padre Laíres assumiu a administração da Diocese e a da Rádio Espinharas. Nesta época eu já estava em Recife, pela segunda vez, de onde só voltei em 1989. Durante este período eu gravava o programa nos estúdios da Rádio Jornal do Comércio, com um operador daquela emissora, apelidado de Peba. As fitas do programa eram mandadas através dos ônibus da Boa Esperança que tinha uma linha de Recife a Cajazeiras.

Voltando a Patos em 1989 voltei a colaborar com a Espinharas até 1994, quando, já aposentado do Banco do Brasil, fui para João Pessoa me submeter a concursos públicos. Fiz concursos para Analista da Receita Federal, Promotor de Justiça, Fiscal do Trabalho e Técnico da Receita Federal. Passei nos dois últimos, fiz os respectivos treinamentos e fui nomeado para os dois cargos, na mesma época. Como Fiscal do Trabalho iria trabalhar em João Pessoa, enquanto a Receita Federal me nomeou para a agência de Patos. Preferi ir para João Pessoa, já que o salário de fiscal era melhor e o trabalho tinha mais liberdade enquanto na Receita eu ia fazer trabalho burocrático com fizera durante vinte e seis anos no Banco do Brasil. Apesar de vir a Patos com frequência, ficou mais difícil a colaboração com a Espinharas que eu dava, por exemplo, até alguns atrás nas coberturas das eleições. A parceria continua apenas com a produção e apresentação da REVISTA DA SEMANA, cujo espaço a empresa Argon, Jornalismo e Publicidades, responsável pelo programa, loca na emissora.

Estes cinquenta anos de rádio, feitos em outubro de 2014, me granjearam um grande ciclo de amigos, que me garantem uma grande audiência ao programa, além de um grupo de amigos que patrocinam o programa, permitindo a Argon Jornalismo e Publicidades pagar o “tempo de rádio” e a produção do programa. A chegada da internet ampliou o alcance do programa. Pela internet, a REVISTA DA SEMANA, é ouvida no mundo inteiro, no mesmo momento em que é transmitida pelas duas emissoras, AM e FM, da Rádio Espinharas, no site www.radioespinharas.com.br . Quem não ouvir o programa pela Espinharas pode acessar depois a internet no endereço www.revistadasemana.com onde pode-se ler o texto das matérias apresentadas e ouvir ou baixar todo o áudio do programa. E aqui um segredo. A minha residência em João Pessoa e o fato de passar grande parte do tempo viajando pelo interior, me obrigam a sempre gravar o programa, o que é facilitado pela internet. Gravo o programa em João Pessoa ou em qualquer lugar onde esteja no final de semana e coloco a gravação do programa na internet. Os blocos do programa são “baixados” pelos operadores da emissora e colocados no ar. Quando algum fato importante surge entre a gravação do programa e a hora de este “ir ao ar”, nós entramos “no ar” “ao vivo” pelo telefone ou pela internet. A internet também facilita a produção do programa pois a utilizo para colher as notícias sejam internacionais, nacionais, estaduais, regionais ou locais. Temos uma parceria importante, por exemplo, com o site PATOS ONLINE onde são divulgados artigos nossos que depois divulgamos no programa, assim como reproduzimos artigos de outros colaboradores e matérias reproduzidos no site. Indicamos sempre a fonte onde colhemos as notícias, a não ser, às vezes, as oriundas de “releases”.

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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