(José Augusto Longo, no Patos Online)
Ao lermos os noticiários diariamente, nos deparamos com notícias escabrosas acerca de atuações desavergonhadas de prefeitos, de Norte a Sul do Brasil, principalmente no nosso Nordeste, a região mais pobre do Brasil, que, após eleitos, acham-se donos do erário e cometem as maiores ladroagens e patifarias.
Até bem pouco tempo, antes da Lei de Reponsabilidade Fiscal, os crimes contra, principalmente, o dinheiro público, após detectados, os responsáveis pelos desvios tinham prazo para a devolução do montante roubado, buscavam agiotas, tomavam o dinheiro emprestado a juros altos, pagavam a dívida, permaneciam no cargo, e depois roubavam de novo, para pagar o empréstimo tomado e, aí, cessava o delito. Era uma verdadeira ciranda. No entanto, eram poucos os desonestos. A grande maioria de prefeitos, bem-nascidos e educados para o cumprimento das leis – até mesmo aqueles considerados de origem pobre – davam conta do recado, construíam, edificavam, executavam ações sociais as mais diversas, amparavam os mais necessitados, tudo dentro da mais absoluta probidade. Exemplos disso há aos montões, tanto em nossa região, como em outras plagas. Aqui mesmo em Patos a história registra nomes como os de Clóves Sátyro, Darcílio Wanderley, Nabor Wanderley da Nóbrega, Olavo Nóbrega, Aderbal Martins, Edmilson Mota, e mais recentemente Rivaldo Medeiros, que escreveram seus nomes na legião de honra da galeria dos que nos administraram e deixaram seus bons exemplos, algumas vezes não observados por seguidores seus.
Na capital do Estado, há bons registros, dentre estes os que falam de Damásio Franca e Dorgival Terceiro Neto; de Princesa Isabel, vem-nos à lembrança nomes ilustres como os de Antônio Nominando Diniz, Gonzaga Bento e Chico Sobreira, os que conheci mais de perto e testemunhei a honradez com que administraram, cada um em seu tempo de mandato. João Dino, em São José do Bonfim; Toinho Tota em Mãe D’Água; Desmoulins Wanderley, Chico Marques e Maurício Cajuaz, em Malta, além de muitos outros que me fogem à lembrança.
Parece que, dos que falei, apenas Mãe D’Água, continua virgem de assaques criminosos de alguns administradores que o sucederam, pairando sobre os seus cofres, ainda, o espírito honesto de Toinho.
O mais estarrecedor de tudo isso, é que, mesmo no que pese a mudança que vem ocorrendo, com a vigilância constante dos órgãos responsáveis pela fiscalização, a determinação das polícias federal e estaduais, de promotores e juízes em punir os infratores, estes, como se vivessem em outro País, continuam a meter a mão no dinheiro do povo, como se em outros tempos ainda vivessem, se comparando ao mosquito da dengue que, quanto mais combatido, mais se prolifera. Ocorre que, a exemplo do tal mosquito, que existe graças inércia de quem não cuida da própria casa e teima em manter objetos cheios de água parada, também esses ladrões que assaltam as nossas prefeituras, são fruto da irresponsabilidade do eleitor que, mesmo testemunhando os desmandos, cismam em mantê-los no poder, através do voto que, em sendo livre, deveria ser muito melhor utilizado.
Não tenho lembranças de ter assistido ou ouvido falar, em tempos idos, de ações inesperadas de policiais federais, promotores e outras autoridades em prefeituras e órgãos da administração pública de qualquer natureza ou finalidade, como presenciamos ou temos notícias nos dias de hoje. Claro que, nem todas essas ações terminam em constatar irregularidades; algumas, em raríssimas oportunidades, não passam de alarme falso, mas, como diz o ditado que “onde há fumaça há fogo”, todos ficamos, quando tal acontece, com a “pulga atrás da orelha”.
As cidades citadas acima – e muitas e muitas outros poderiam ter sido relacionadas -, João Pessoa, Princesa Isabel, São José do Bonfim, Malta e até mesmo a nossa cidade, têm ou já tiveram nomes de administradores envolvidos e até condenados em processos por improbidade. E nestes e noutros municípios, os que têm vocação para a ladroagem, continuam a roubar o dinheiro alheio, como se imunes fossem às garras da Lei.
Os Tribunais de Contas da União e do Estado, a Controladoria Geral da União, a Receita Federal, a Previdência Social, além de órgãos geradores de recursos como os Ministérios e Fundações oficiais buscam, incessantemente, reaver dinheiro roubado e, quase todos os dias, temos notícia de processos e até de prisões de envolvidos. A ênfase é sempre dada a tais prisões, como a que ocorreu recentemente com o prefeito Zé de Boi Velho, prefeito do Município de Aparecida, na Região de Sousa, mas, para muitos desonestos, tais notícias entram por um ouvido e saem por outro, como se prender ladrões no Brasil não representasse, nos últimos tempos, a mais grata das realidades.
Mas, como não se fazem mais prefeitos como antigamente – com honrosas exceções – e como as autoridades estão trabalhando dia e noite para punir os desonestos, quem tiver culpa no cartório que se cuide, pois, a corda está esticando e, quando a “porca torcer o rabo”, não venha choramingando dizer que a cigana lhe enganou.
Que coloquem “a barba de molho” aqueles que entraram puxando uma cachorra e saíram tangendo uma boiada.
Em tempo: Esta matéria não tem o fito de denunciar quem quer que seja e, somente, foram nominalmente citados, aqueles que me vieram à lembrança e, claro, existem muitos outros que também deixaram um legado de honestidade e probidade no trato com o dinheiro do povo, como também não tive a intenção de impingir culpas a ninguém em especial. Portanto, qualquer semelhança com pessoas ou fatos ocorridos em qualquer tempo, terá sido mera coincidência.
Comentário do programa – Entre os mais antigos, da geração de Antônio Tota, quero lembrar outros dois Antônios, que ficaram na história dentre os prefeitos que se preocupavam com a lisura da sua administração. Antônio Bento de Morais, sem desmerecer alguns dos seus parentes que também primavam pela honestidade, prefeito de Santa Luzia, e Antônio Murilo Wanderley, prefeito de São José de Espinharas. Há inúmeros outros prefeitos contra os quais jamais se assacou nenhuma acusação de desonestidade, nas enumerá-los seria cansativo. Mas alguns são dados como exemplo, de honestidade, de grandes administradores, de pontuais nos pagamentos a funcionários e fornecedores. Há ainda um caso que vale a pena salientar. Houve alguns prefeitos que sofreram problemas inclusive com a Justiça, mas não por desonestidade, mas por desorganização. Daqueles que atendiam os munícipes, no meio da rua, enfiavam a mão no bolso, resolviam problemas urgentes e depois esqueciam de se documentar. Como estão no número dos mortos, vamos deixá-los em paz. E por falar nos “vivos”, alguns continuam a parecer pobres, pois tiveram a previdência de colocar os seus bens em nomes de “laranja”, mas um dia “a casa cai”. Teve gente que “quebrou a cara” usando irmãos e filhos como “laranjas”, imaginem o risco de quem usou parentes da mulher, que amanhã ou depois pode virar uma “assanhada” ex-mulher. . (LGLM)