Governo quer nova reforma previdenciária; oposição considera difícil votá-la

By | 09/01/2016 8:37 pm

 

Presidente Dilma Rousseff confirmou nesta quinta-feira que pretende elaborar proposta de reforma previdenciária. Para oposição, governo não terá força de aprová-la no Congresso

Deputados governistas aguardam o envio de nova proposta de reforma da Previdência. Em café da manhã com jornalistas, nesta quinta-feira (7), a presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo vai “encarar” a reforma. Ela não deu detalhes da proposta que pretende enviar ao Congresso, mas adiantou que levará o tema ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e ao Fórum de Trabalho e Previdência, que tem representantes dos trabalhadores, dos empresários, do governo e do Congresso.

Líder do PMDB e aliado de Dilma, o deputado Leonardo Picciani (RJ) afirmou que a reforma é um tema controverso, mas necessário diante das dificuldades de União, estados e municípios cumprirem os compromissos previdenciários.

“Eu creio que o governo faz bem em mandar esse tema e tenho certeza de que o Congresso vai poder aperfeiçoá-lo, no debate interno da Casa e no debate com a sociedade. O País vive um momento de solução de problemas estruturais, e a Previdência é um deles”, disse Picciani. “A Previdência é hoje o maior custo da União e, em muitos estados, é um dos grandes fatores de desequilíbrio fiscal.”

Já a oposição duvida da capacidade do Executivo de conduzir a reforma da Previdência no atual contexto. O deputado Pauderney Avelino (DEM-AM) argumentou que o ano eleitoral e a instabilidade gerada pela tramitação do pedido de impeachment de Dilma enfraquecem a posição do governo neste debate polêmico.

Avelino também lembrou que anúncios de reforma chegaram a ser feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e também no primeiro mandato de Dilma, mas as propostas nunca chegaram a ser, de fato, efetivadas.

“Desde 2011, a presidente Dilma acena com uma proposta de reforma da Previdência, estabelecendo idade mínima”, afirmou. “Não acredito [em reforma] diante do governo fraco que ela está conduzindo e do ano eleitoral. Não acredito nem que ela se sustenta até o meio do ano. Por isso, acho complicado se falar em reforma que o governo Lula e ela tiveram oportunidade de fazer enquanto eram fortes, e não fizeram nenhuma reforma estruturante.”

O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), já havia anunciado que a reforma da Previdência seria uma das prioridades do Executivo para 2016.

Nesta quinta-feira, Dilma deu a entender que a base da proposta poderá ser a fixação de uma idade mínima para aposentadoria, sem, no entanto, mexer em direitos adquiridos. A presidente lembrou que, nas últimas décadas, a expectativa de vida do brasileiro aumentou em torno de 4,6 anos – hoje é de pouco mais de 75 anos, enquanto a atual média de idade de aposentadoria no País é de 55 anos.

“O Brasil vai ter que encarar a questão da Previdência. E há várias formas. Os países desenvolvidos buscaram aumentar a idade mínima para acessar a aposentadoria. Tem outro caminho também: o 85/95 móvel e progressivo [fórmula para cálculo de aposentadoria], que resultará na mesma convergência. Nos dois casos, uma coisa vai ter de ser considerada: não se pode afetar direitos adquiridos”, disse a presidente.

Comentário do programa – A mudança da idade de aposentadoria tem que ser encarada com coragem. O nosso sistema previdenciário foi criado levando em consideração uma expectativa de vida menor do que sessenta anos. Com o aumento da expectativa de vida a tendência é a previdência quebrar, o que não interessa a ninguém. E é fácil entender isso. Quanto mais um cidadão vive, mais tempo ele vai receber sua aposentadoria. Isto vai aumentando a cada ano a despesa da Previdência sem que haja um aumento correspondente na receita. Mas o aumento da idade de aposentadoria não é a única saída. A outra alternativa é aumentar a quantidade de gente que contribui para a Previdência Social. Atualmente, cerca de trinta por cento dos trabalhadores não têm carteira assinada. Sem carteira assinada eles não contribuem para a Previdência. Só que mais na frente todo mundo vai querer uma aposentadoria. A solução é o Governo aumentar a fiscalização para que mais gente contribua com a Previdência, aumentando assim a receita da Previdência. Além disso, a fiscalização deve ser reforçada para evitar que muita gente sonegue os recolhimentos da Previdência e que tanta gente cometa fraudes contra a Previdência. Portanto, não basta aumentar a idade de aposentadoria, tem que aumentar a fiscalização para que mais gente contribua para a Previdência. O próprio Congresso pode exigir isso do Governo. Nós concordamos em aumentar a idade de aposentadoria, mas o Governo tem que fazer com que todo mudo contribua realmente para a Previdência. Não adianta aumentar a idade de aposentadoria, não adianta recriar a CPMF, se o governo não tapar o buraco provocado pelas fraudes, pela sonegação e pela falta de contribuição de um terço dos trabalhadores para com a Previdência. (LGLM)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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