Padim Ciço

By | 09/01/2016 12:35 pm

 

Este artigo de Dom Aldo Pagotto, arcebispo da Paraíba, reflete uma mudança da Igreja Católica, em relação a Padre Cícero Romão Batista, até há algum tempo execrado pela hierarquia da Igreja no Brasil. Desde algum tempo a Igreja começou uma espécie de recuperação da “imagem” do Padre Cícero. Observe-se no artigo, inclusive a declaração de um cardeal italiano, atribuída a um pedido do próprio Papa Francisco.

(Dom Aldo Pagotto, no Jornal da Paraíba)

Durante toda a sua vida, Padre Cícero Romão Batista atraía milhares de romeiros ao Juazeiro do Ceará, buscando seus conselhos e as bênçãos de Deus, por suas mãos. Padim Ciço conquistou o coração do povo pobre, sem trabalho, apenado com as secas. A figura do santo nordestino permanece no imaginário religioso popular, até hoje. Após a sua morte, em 1934, lá se vão mais de 70 anos de ininterrupta peregrinação de fiéis acorrendo aos lugares onde Padim Ciço viveu.   Além da vitalidade espiritual, Padim Ciço conquistou o desenvolvimento regional do Cariri cearense. Configurado como santo e sábio, ele possuía um forte carisma político, desempenhando funções administrativas voltadas à inclusão socioeconômica da população empobrecida. Milhares de famílias arrancadas da fome e miséria seguiam as suas práticas de convivência com o semiárido nordestino. A prosperidade do povo mexeu na posição dos poderosos, incluindo as esferas da política e da hierarquia da Igreja,
         Padim Ciço co-dividia sua santidade com a extraordinária articulação de forças políticas, conquistando a confiança do povo pobre. Homem de visão e prática administrativa, os seus conselhos concretizavam-se. Seus talentos movimentavam as políticas públicas, indispensáveis para a época. Sua fama popular consagrou-o como santo em vida. Exemplo. 0 Padim “bolou” a indústria caseira de lamparinas, aproveitando latinhas nutridas com óleo de mamona, alumiando a vida de muita gente. Ninguém morria de fome com serviços alternativos ocupando mão-de-obra do povo para escapar da seca, já que dos céus não caía chuva para a plantação.
         Recentemente a Santa Sé reconheceu o Padim Ciço “em sua complexa história humana, não privada de fraquezas e de erros. Sem dúvida alguma, ele foi movido por um intenso amor pelos mais pobres e por uma inquebrantável confiança em Deus. Ele teve, porém, que viver em um contexto histórico e social pouco favorável, empregando todas as suas forças e procurando agir segundo os ditames da sua consciência, em momentos e circunstâncias bastante difíceis. Se nem sempre soube encontrar as justas decisões a tomar ou se adequar às diretrizes que lhe foram dirigidas pela legítima autoridade, ele foi movido por um desejo sincero de estender o Reino de Deus” (trecho da Carta do Cardeal Parolin, a pedido do Papa Francisco). Deus escreve certo por linhas certas e se serve de instrumentos imperfeitos para realizar a sua obra. Quem vê linha torta ilude-se.

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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