O pecado da corrupção

By | 17/01/2016 5:05 am

 

(Trecho do livro O Nome de Deus é Misericórdia, com idéias do Papa Francisco, lançado na terça-feira, 12 de janeiro)

“A corrupção é o pecado que, em vez de ser reconhecido como tal e de nos tornar humildes, se tornou sistema, (…), uma forma de vida. Não sentimos necessidade de perdão e de misericórdia, mas justificamo-nos e aos nossos comportamentos.

Jesus diz aos seus discípulos: ‘Se alguém te ofender sete vezes ao dia e sete vezes vier te dizer ‘Arrependo-me’, perdoa-lhe’. O pecador arrependido, que depois cai e recai no pecado por motivo da sua fraqueza, encontra novamente perdão quando reconhece que necessita de misericórdia. O corrupto, por sua vez, é aquele que peca e não se arrepende, peca e finge ser cristão, e com a sua dupla vida provoca escândalo.”

“O corrupto não conhece a humildade, não sente necessidade de ajuda, leva uma dupla vida. Em 1991, dediquei a este tema um longo artigo, publicado num pequeno livro, ‘Corrupção e Pecado’.

Não é preciso aceitar o estado de corrupção como se fosse apenas mais um pecado. Embora muitas vezes se identifique a corrupção com o pecado, na realidade trata-se de duas realidades diferentes, apesar de interligadas.

O pecado, sobretudo se reiterado, pode levar à corrupção, mas não quantitativamente –no sentido de que um determinado número de pecados não fazem um corrupto–, quando muito qualitativamente: criam-se hábitos que limitam a capacidade de amar e levam à autossuficiência. O corrupto cansa-se de pedir perdão e acaba por acreditar que não deve pedir mais.”

“Não nos transformamos de repente em corruptos; existe um longo caminho de declínio, para o qual se desliza e que não se identifica simplesmente com uma série de pecados.

Uma pessoa pode ser uma grande pecadora e no entanto pode não ter caído na corrupção. Aludindo ao Evangelho, penso no exemplo das figuras de Zaqueu, de são Mateus, da samaritana, de Nicodemo, do bom ladrão: nos seus corações, pecadores todos, tinham alguma coisa que os salvava da corrupção. Estavam abertos ao perdão (…), e foi essa abertura que permitiu que a força de Deus entrasse.

Ao reconhecer-se como tal, o pecador de alguma forma admite que aquilo a que aderiu, ou adere, é falso. Por sua vez, o corrupto esconde aquilo que considera o seu verdadeiro tesouro, aquilo que o torna escravo, e disfarça o seu vício com a boa educação, arranjando sempre uma forma de salvar as aparências.”

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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