(Deu na Folha)
Em um novo avanço da dengue no país, 135 cidades brasileiras terminaram 2015 com epidemia da doença, e enfrentam um cenário que costuma ser esperado apenas para os meses de abril e maio.
Os dados são de levantamento feito pelo Ministério da Saúde, a pedido da Folha, e considera as cidades que, apenas em dezembro -mês com informações mais recentes disponíveis- tinham “alta” proporção de casos.
Isso significa que esses municípios tinham mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes, patamar utilizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para definir o quadro de epidemia.
No mesmo período de 2014, apenas 32 municípios estavam nesse mesmo cenário –um aumento de 322%.
Dessas 135 cidades que começaram este ano enfrentando quadro epidêmico, 60 estão na região Sudeste, 32 no Centro-Oeste, 29 no Nordeste, oito no Sul e seis no Norte.
Por Estado, são 32 municípios em Minas Gerais, 14 em Mato Grosso do Sul e Pernambuco, 13 em São Paulo, 11 em Mato Grosso, dez no Espírito Santo e Paraíba, oito no Paraná, sete em Goiás, cinco no Tocantins e no Rio de Janeiro, dois em Alagoas e um nos Estados de Sergipe, Roraima, Rio Grande do Norte e Bahia.
O Sudeste concentra quase metade dos municípios com maior incidência de dengue neste último mês, ou 60 ao todo. Em seguida vêm o Centro-Oeste, com 32, e Nordeste, com 29.
Após registrar auge em abril, a doença, que até então vinha tendo redução de novos casos, voltou a ganhar impulso nos últimos três meses.
Nesse período, 21 Estados tiveram aumento de casos de dengue, de acordo com os dados do Ministério da Saúde.
Antes, esse período era considerado “de calmaria”, diz Gilsa Rodrigues, gerente de Vigilância em Saúde do Espírito Santo. Em dezembro, o Estado registrou o maior número de casos de dengue de 2015. “Começamos a observar um aumento estranho para o Estado”, afirma.
O aumento coincide com o período em que o Estado confirmou casos de zika. “Muitos casos podem estar na conta de dengue e serem de vírus zika”, diz.
O diretor de vigilância de doenças transmissíveis no Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, confirmou nesta quarta-feira (20) um aumento de casos de dengue.
“De fato já temos a informação de que está aumentando em alguns lugares. A preocupação grande é que a queda no segundo semestre [de 2015] não foi tão radical e importante como costumava ser anos atrás. O que significa que já se parte de um patamar um pouco mais alto.”
O país registrou recorde nos casos de dengue em 2015, quando 40% dos municípios do país registraram mais de 300 casos a cada 100 mil habitantes.
Segundo ele, a pasta pretende orientar os municípios com maior incidência de dengue para o risco de infecções pelo vírus zika e a ocorrência de microcefalia em bebês.
Comentário do programa – Não podemos perder de vista que começou para nós o período de chuvas e água limpa parada é criatório ideal do mosquito da dengue. Por isso cada um de nós tem que se tornar um vigilante no combate ao Aedes Aegypti. Uma poça dágua na frente de sua casa pode se transformar num criatório do mosquito da dengue. Um mosquito só pode produzir milhões de outros mosquitos em pouco tempo. Por isso, temos que combater todos os possíveis focos de reprodução do mosquito. Em casa, na casa dos vizinhos, no meio da rua. E aqui uma digressão. Muita gente não entende por que Aedes e Aegypti começam com “a” e se pronunciam como ser começassem com “e”. É que as duas palavras são do latim, como todo nome científico de animais e plantas, e nessa língua “ae” se pronuncia como “e”. (LGLM)
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