O prazer da velhice

By | 30/03/2016 7:05 am

 

(Luiz Gonzaga Lima de Morais)

Este artigo foi publicado no Patos Online e na Revista da Semana há pouco mais de um ano. Como ele continua atual, resolvi fazer algumas modificações e republicá-lo, no blog da Revista da Semana

A vida dos velhos mudou muito nos últimos cinquenta anos. A primeira mudança importante foi a aposentadoria do FUNRURAL para os trabalhadores rurais. Antes o destino do trabalhador rural que não podia mais trabalhar era pedir esmolas ou viver dependente dos filhos.  Hoje o aposentado do FUNRURAL, que passou a ser simplesmente aposentado rural pode ter uma vida simples, mas decente.  Chega a ser confortável se a companheira também conseguir se aposentar.

Depois os velhos que moravam na cidade passaram a contar com o benefício de prestação continuada paga aos maiores de sessenta e cinco anos que não tem renda com que sobreviver.

A situação de aposentados rurais ou recebedores do benefício só não é melhor quando têm filhos a parasitá-los o que é muito comum. É triste ver idosos pedindo esmolas apesar de receberem benefícios, simplesmente por que têm filhos e netos a quem sustentar, muitas vezes por que estes filhos não querem simplesmente trabalhar forçando os pais à mendicância.

Depois destes dois benefícios os velhos, agora simplesmente chamados de idosos, ganharam o seu estatuto próprio, o chamado Estatuto do Idosos. Tal estatuto lhes garantem algumas vantagens como prioridade de atendimento em bancos, supermercados e locais de atendimento ao público de modo geral.  E a mais apreciada destas vantagens que é o direito a passagens de ônibus de graça ou pela metade do preço em ônibus, sejam urbanos sejam interurbanos. É comum ver-se nos ônibus idosos que viajam pelo prazer da viagem, para visitar parentes ou conhecer outras cidades.

Nos últimos anos, o fato de ser idoso ganhou mais um benefício que o ajuda a enfrentar um dos desgostos de que atingem idade mais avançada. Uma série de medicamentos que o ajudam a manter um bom desempenho sexual, mesmo depois de certa idade. Primeiro foi o Viagra, cujo princípio ativo é o citrato de sildenafil, fabricado pela Pfizer, que atraiu muita gente, embora tenha sido causa de morte de muita gente que exagerou no seu uso. O medicamento é contraindicado para quem tem problemas cardíacos e mesmo para quem não tenha se for utilizado em excesso. Há algum tempo a imprensa deu a notícia de um cidadão cajazeirense que teria lavado três parceiras para um motel e teria tomado três Viagras para dar conta do recado. Morreu antes de começar a farra, pois o coração não suportou a overdose. Um amigo meu costuma dizer que o Viagra é para certas pessoas como querer dar um “tranco” num fusquinha estancado, empurrando-o com uma carreta. O resultado só pode ser desastroso. A grande barreira para o idoso de menor renda utilizar o Viagra era o preço, já que um comprido chegava a custar mais de trinta reais. Muita gente passou a utilizar similares de origem duvidosa e se deu mal com o uso. Depois de algum tempo caducou a licença do laboratório que desenvolveu o produto e foi autorizado o lançamento do genérico do Viagra que, ao ficar mais barato, ficou mais acessível.

Como o laboratório que fabricava o Viagra estava faturando muito bem, outros laboratórios investiram no desenvolvimento de outros princípios ativos que tivessem efeito semelhante para a chamada disfunção erétil, com menos riscos para a saúde. Dentre estes produtos um dos mais famosos é o Cialis, cujo princípio ativo é a tadalafila, fabricado pelo laboratório Eli Lilly. Segundo os especialistas a tadalafila tem menos efeitos indesejáveis e sua ação perdura por até trinta e seis horas. Um amigo meu diz que toma meio comprimido, mas fica animado por até três dias. Apesar do sucesso, o comprimido do Cialis custa mais de quarenta reais o que fez surgirem muitos similares ou genéricos fabricados no Paraguai, que fizeram muita gente “quebrar a cara”.  Além de não apresentarem os efeitos do original, tais produtos trazem riscos para a saúde por sua origem duvidosa. Agora surgiu uma novidade. Um genérico do Cialis aprovado pela ANVISA e vendido livremente nas farmácias de todo o Brasil. O genérico tem o nome de Tadalafila e custa menos da metade do preço do Cialis original. Há um detalhe interessante no aparecimento deste genérico. A licença original de fabricação do Cialis ainda não caducou mas o laboratório Eli Lilly fez um acordo em que autorizava a Sandoz a lançar e vender o genérico Tadalafila. O interessante é que quem fabrica o genérico é a própria Eli Lilly, fabricante do Cialis original, sendo que a SANDOZ apenas divulga e distribui o produto. Ou seja, a Eli Lilly fabrica o concorrente do seu Cialis, e os dois juntos estão fazendo o maior sucesso, segundo vendedores de algumas farmácias de João Pessoa com quem conversamos. Mais barato, o Tadalafila tem vendido muito bem. Outros laboratórios passaram a fabricar o genérico da Tadalafila. Entre eles Eurofarma, Medley, Biosintética e Aché, todos com preço mais acessível do que o Cialis original.

Para quem pensa que só os idosos se aproveitam da medicação para a disfunção erétil uma informação interessante que me foi dada por um dono de farmácia amigo da cidade de Sousa e que foi confirmada por outros comerciantes do ramo. Os maiores consumidores do Viagra, Cialis, Levitra e outros medicamentos da mesma indicação não são os idosos, mas os jovens.

A velhice na atualidade nos concede vários prazeres. Vida mais longa, qualidade de vida melhor, viagens e uma vida sexual mais ativa. Mas não devemos cometer excessos que prejudiquem a nossa saúde e por decorrência a nossa qualidade de vida.

A venda da Tadalafila é livre, independente de receita médica. Mas se você utilizar a Tadalafila e sentir efeitos colaterais indesejáveis, procure um médico.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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