Na realidade o processo contra Dilma começa agora. A Câmara dos Deputados, por 367 votos a favor, 137 contra, sete abstenções e duas ausências, denunciou a presidente como culpada do crime de responsabilidade. Cabe agora ao Senado instaurar o processo que pode afastar definitivamente a presidente. A denúncia será examinada por uma comissão de quinze senadores que ao final elaborará um parecer indicando se entende que a Dilma deverá ser afastada ou não. Isto deve demorar em torno de trinta dias. Este parecer será votado pelo plenário do Senado, sendo necessários quarenta e um votos dos oitenta e um senadores para a abertura do processo de impeachment. Aberto o processo, a presidente será afastada por 180 dias, durante os quais o vice-presidente Michel Temer assume o governo. Depois de tramitar no Senado, este julgará o processo, quando serão necessários 54 dos 81 votos dos senadores para afastar a presidente Dilma em definitivo.
Dilma ainda tem duas possibilidades de escapar do impeachment. Conseguindo votos “contra”, ausências ou abstenções de, no mínimo, quarenta e um senadores quando for votado o relatório da comissão especial do Senado, daqui a uns trinta dias; ou conseguindo vinte e oito votos (“contra”, ausências e abstenções), quando da votação final no plenário do Senado, em sessão presidida pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal. Só que a essa altura ela estará afastada do Governo, por pelo menos cento e oitenta dias, e tem pouca coisa com que barganhar com os senadores.
Por enquanto, portanto, a Câmara apenas disse que entende que Dilma cometeu crime de responsabilidade fiscal, denunciando-a ao Senado que dará a palavra final que decidirá se Dilma sai definitivamente da Presidência ou não. Por enquanto ela continua presidente. Pode ser afastada por 180 dias se a denúncia for aceita pelo Senado e definitivamente se o Senado a julgar culpada.
Por enquanto, mesmo sem condições de governar, Dilma continua no governo até, pelo menos, esta primeira votação. Se a votação for desfavorável ela cede a vaga a Michel Temer e aguarda o julgamento final.