(Sousa Irmão, no Patos Online)
Há momentos em que, apesar de nos considerarmos conhecedores de muitas coisas, somos surpreendidos de tal forma que não sabemos agir diante de uma enrascada ou responder, na hora, a perguntas simples que nos fazem.
Foi o que aconteceu comigo, na semana passada, quando uma estudante me parou na rua e, educadamente, me perguntou se eu sabia dizer qual era o coletivo de rato. Engasguei, na hora. Disse-lhe que não sabia ao certo, mas que os dicionários da língua portuguesa nos asseguravam que deveria ser ninhada.
Fui estudar o assunto. Encontrei que ‘ NINHADA’ se aplica a muitos outros animais, como por exemplo, cães, gatos, coelhos, pintos e etc., mas se referindo a eles quando estão ainda no ninho, dependentes totalmente da fêmea que lhes deu cria ou lhes chocou os ovos. Há ainda outras referências que se deduzem tão insatisfatórias quanto esta.
Fiquei a matutar o assunto, como se diz aqui pelo Sertão. Matuto nordestino é bicho sabido e teimoso. Quando encasqueta com qualquer coisa não descansa, enquanto não botar os pontos nos ii.
Por acaso, o amigo Luis Urquiza – cabra inteligente da gota-serena – me ofereceu de presente um livro escrito por José Urquiza, parente seu – RASTRO DE ANDARILHO – no qual encontrei a resposta. Segundo ele grafou, o coletivo de rato é GABIRUZAMA. Mas, apesar disso, ficou ainda uma dúvida. GABIRUZAMA seria um excelente coletivo e talvez mesmo satisfatório se não se referisse a GABIRU, rato grande e obeso que entre os baianos se chama SARIGUÊ e que com ele se prepara, na culinária de lá, um prato delicioso que encanta o paladar dos turistas menos avisados. Pagam caro por um Sariquê ao molho, mas é problema deles. Eu mesmo, já comi e aprovei, quando morava em Salvador.
Agora me vem outra interrogação; Qual seria o coletivo apropriado para esses ratinhos miúdos e raquíticos que andam por aí a infestar nossas casas e comercio. GABIRUZAMA não se adapta bem ao sentido correto. GABIRUZAMA é um coletivo excelentemente adequado para os ratos traiçoeiros e larápios que adoram engordar as expensas do dinheiro público que adquirem através de suas falcatruas infames e associações criminosas até nas mais altas esferas do Poder.
Não há um coletivo apropriado para os ratos miúdos e espirigaitados, metidos a besta e que não passam de uns cagacebos idiotas, aprendizes de GABIRU, que povoam as prefeituras, repartições públicas e câmaras de vereadores. Não servem para nada. Nem a Justiça gosta de se encarregar deles porque não servem sequer para promover juízes e nem para dar-lhes notoriedade através das espetaculares manchetes promocionais na Imprensa.
Quem souber me diga que coletivo se aplicaria, com propriedade, a essa raça de ratos miúda, sem muita importância, mas tão perigosos quanto os outros.
Os gabirus graúdos, engravatados e poderosos são chics. A família e as suas amantes moram em Miami, possuem apartamentos luxuosos em Paris, os filhos estudam em Harvard ou Sorbonne, usam cartões coorporativos, se expressam num linguajar incompreensível ao homem comum, ao Zé Ninguém do povo, e se consideram semideuses intocáveis. A miuçaia é composta de ratos desgraçados e o que rouba mal dá para manter uma família ou uma rapariga com dignidade. Quando é pega com a mão na botija, ou melhor; na falcatrua, o que lhe sobra não dá para pagar um advogado.
Eu ainda não sei, mas de uma coisa eu tenho certeza e lhes digo;
A gabiruzama está à solta e infesta, incontrolavelmente, toda a Nação Brasileira. Há ratos gordos, obesos e destemidos travestidos de presidentes, ministros, senadores, governadores, prefeitos, vereadores e por aí vai. Há ratos ainda raquíticos e desconhecidos, mas sem dúvidas tão vorazes quanto os primeiros. Eles estão em toda parte.
A gabiruzama perdeu o medo e o respeito e já agora não age mais na calada da noite. Devora tudo à luz do dia e não teme represálias. Os ratos infestam tudo. Espalham-se, em bandos perigosos, pelo Poder Central, pelo Senado, pela Câmara e pelo Judiciário. Estão nas Repartições Públicas, nas Autarquias, nas Estatais, nas Prefeituras Municipais e nas Empresas Privadas que a elas prestam serviço.
Rouba a merenda escolar das criançinhas inocentes, a comida que vai para as creches, devora a verba destinada ás compras oficiais, quebra tudo o que vêem pela frente – Petrobrás, Eletrobrás e os Cambaubrás – e, descaradamente, negam tudo, dizimam a Nação, sacrificam o povo, provocam, irresponsavelmente, a fome, a miséria e o caos .Quando descobertos e denunciados os ratos, criam uma comandita imoral, rasgam a Constituição, derrubam o governo e mandam o povo ás favas com os votos que os elegeram.
Num golpe, assumem o Poder e seus integrantes ou seja; os participantes da comandita, são promovidos a ministros ou assumem cargos importantes no governo de forma a terem foro privilegiado na hora do pega-prá-capar. O mais revoltante é que mesmo depois de condenados pela Justiça – se acontecer o improvável – quase sempre os GABIRUS voltam ao Poder para continuarem nas mesmas práticas condenáveis. Para eles não interessa. A culpa é do povo que os elege. Os GABIRUS não visam o BEM do povo.Visam os seus BENS. O padre Antonio Vieira já dizia isso há alguns séculos atrás.
É ASSIM OU NÃO É.
Para terminar, permitam-me que eu lhes diga qual é o coletivo que define bem essa canalhada toda de políticos corruptos, imorais e vorazes; É GABIRULITICA. Uma mistura de rato-gabiru e política. SE EU ESTIVER ERRADO QUE EU LATA.
P.S. José Antonio Urquiza, advogado e escritor patoense nasceu em Santa Gertrudes. Deixou vários romances e crônicas sobre a cena nordestina.