Congresso aprova meta fiscal, na primeira vitória do governo Temer

By | 28/05/2016 11:39 pm

 

Em uma longa e conturbada sessão, o Congresso aprovou na madrugada desta quarta-feira (25), em votação simbólica, a revisão da meta fiscal com a elevação do deficit primário para R$ 170,5 bilhões. A votação pode ser considerada a primeira vitória do presidente interino Michel Temer junto ao Legislativo.

O peemedebista fez diversos apelos a sua nova base aliada para que se esforçassem para “ajudar a tirar o país da crise”. Segundo Temer, a nova meta dará um “clima de tranquilidade ao país”. Ao longo do dia, Temer ligou várias vezes para diversos parlamentares para garantir o apoio deles em plenário, segundo a Folha apurou.

Temer conseguiu votar a nova meta de forma expressa no Congresso. Ele levou pessoalmente ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o projeto na segunda-feira (23).

Renan definiu o regime de urgência para a matéria e evitou sua tramitação na Comissão Mista de Orçamento.

A sessão que analisou a proposta durou mais de 16 horas. Ela começou na manhã de terça e foi concluída apenas na madrugada de quarta. Grande parte da sessão foi destinada à votação de 24 vetos presidenciais, dos quais um foi rejeitado integralmente e dois tiveram trechos também derrubados.

A votação da meta fiscal começou por volta das 1h15 e durou cerca de três horas.

Ao longo das discussões, Renan tomou uma série de medidas para agilizar a votação da meta e evitar que, com o avançar da madrugada, o quórum de parlamentares diminuísse e prejudicasse a votação.

VOTAÇÃO CONTURBADA

Deputados e senadores da oposição questionaram o tamanho do deficit, pois a conta apresentada por Nelson Barbosa, último ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, apresentava um deficit primário de R$ 96,7 bilhões.

“O governo fez diversas maquiagens para chegar a um rombo de R$ 170,5 bilhões”, disse o senador Humberto Costa.

O relator da matéria, deputado Dagoberto Nogueira Filho (PDT-MS), proveu um relatório favorável aos cálculos formulados pelo novo governo. “O número que foi apresentado é um número justo.

Ele diz ter procurado o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa e que o antecessor de Henrique Meirelles confirmou que o número seria justo.

A sessão foi marcada por bate-bocas e discussões acaloradas entre aliados da presidente afastada Dilma Rousseff e aliados de Temer.

Na tentativa de acelerar a votação, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) tentou limitar o tempo de fala dos parlamentares. A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) chegou a ocupar uma das tribunas da Câmara, onde corria a sessão, para tentar dificultar o andamento dos discursos.

“Esse projeto é um cheque em branco e não é para gastar com o povo, não sabemos para o que é”, afirmou a senadora.

Membros da oposição, no entanto, criticaram os números de Nelson Barbosa. “Como eles podem ter colocado a CPMF na meta? É prova da incompetência dos ex-técnicos do governo. Provam que eram cálculos imaginários”, afirmou a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO).

Após quatro senadores –dois da situação e dois da oposição– e seis deputados –também dividido meio a meio– falarem, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE) apresentou um requerimento para encerrar os debates e acelerar a votação. Renan aceitou o requerimento e, em votação do plenário, ele foi aprovado.

Sem mais impedimentos, Renan chamou uma votação simbólica para aprovar a nova meta.

O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmou que o primeiro desafio de Temer foi vencido e que a nova base aliada demonstrou “estar preocupada com o Brasil”.

Já o senador Humberto Costa (PT-PE), ex-líder do governo na gestão Dilma, classificou a nova meta como um cheque em branco.

“Esse deficit é artificial, é inflado. Eles querem um discurso para daqui até o final do ano remanejarem recursos de uma rubrica para outra e no fim do ano dizerem que a meta foi cumprida. É impossível gerar esse rombo como está proposto ali”, disse.

O petista reconheceu, no entanto, que houve um erro de estratégia do partido ao final da sessão que acabou permitindo uma votação simbólica, quando o PT pediu verificação de quórum quando deveria ter pedido que a votação fosse feita de forma nominal. “Acho que é uma falta de costume de ser oposição”, disse.

PRÓXIMOS PROJETOS

Com a primeira etapa cumprida, o governo ganha fôlego para negociar no Congresso as medidas de austeridade anunciadas nesta terça (24). Segundo o senador José Aníbal (PSDB-SP), a maioria conquistada na votação mostra que o governo está conseguindo formar um núcleo duro capaz de aprovar essas medidas. “É preciso uma mudança para acabar com a fragmentação que estava havendo. A economia está devastada. E com a maioria demonstrada hoje, o governo pode respirar aliviado”, disse.

No mesmo sentido, Eunício Oliveira afirmou que cada proposta terá que ser negociada uma a uma no Congresso, mas a votação da meta fiscal demonstrou que o governo tem “uma maioria bastante significativa”.

Temer anunciou nesta terça (24) o primeiro pacote de medidas para reduzir o endividamento público e controlar o crescimento das despesas, consideradas hoje em trajetória insustentável.

A medida que deve provocar mais debate e impacto é a criação de um teto para o crescimento das despesas públicas. A proposta precisa de aprovação do Congresso, pois mexe nas regras constitucionais de destinação de dinheiro para saúde e educação.

(Da Folha)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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