De acordo com a nação

By | 04/06/2016 11:24 pm

 

(Ruy Castro, colunista da Folha)

No início do ano, a Eurasia, principal consultoria política do mundo, pôs o Brasil em 8º lugar entre os dez maiores riscos de 2016 – um país sobre o qual se devia pensar duas vezes antes de investir. Como todos os institutos do gênero, a Eurasia se baseia em fatores geopolíticos, econômicos, sociais e outros para chegar a essa medição de instabilidade. A diferença parece estar na elasticidade que seu diretor, o cientista político americano Ian Bremmer, atribui ao último item – “outros”.

Em entrevista à Folha nesta terça (31), ele incluiu entre as variáveis o fato de a primeira-dama em exercício, Marcela Temer, ter o nome de seu marido tatuado na nuca – uma cafonice que, para ele, nem Melania, mulher de Donald Trump, candidato republicano à Presidência dos EUA, cometeria. É um argumento e, com isso, ficamos informados de que temos agora que contar com as tatuagens de risco para avaliar a performance de um país.

Para mim, no entanto, o que torna o Brasil difícil de entender e confiar é a vertiginosa troca de papéis entre seus atores políticos. Até há pouco, por exemplo, para o PT, a Operação Lava Jato era uma armação voltada contra o partido e a ser obstruída de qualquer jeito. Agora, segundo eles, quem quer obstruí-la são seus ex-aliados, os corruptos do PMDB, e que só por isso derrubaram Dilma.

Tenta-se vender lá fora a ideia de que há um golpe no Brasil. Só não se pode dizer que é o golpe mais chato da história, com intermináveis ritos, prazos, pareceres, defesas, comissões e votos a favor da presidente que se tenta golpear e um Senado em que há sempre dois ou três com garrafa vazia para vender.

E vem aí a grande ironia. Embora lutem contra o impeachment, nem Lula, nem o PT, nem os “movimentos sociais” querem Dilma de volta. No que, pela primeira vez, estão de acordo com a nação.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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