Temer tem de ser inflexível com a corrupção

By | 11/06/2016 8:55 pm

 

(Veja comentário no final)

Surgem mais histórias sobre a cúpula do PMDB em esquemas de desvio de dinheiro público, e por isso o presidente precisa impedir que governo seja contaminado

A enorme ambiguidade que vive o PMDB, partido de Michel Temer, de substituir o PT no Planalto, na tramitação do impeachment de Dilma, mas ter sido sócio de petistas em esquemas tenebrosos de corrupção, principalmente no que ajudou a desestabilizar a Petrobras, impõe ao presidente interino um comportamento inflexível em questões éticas — ele não pode vacilar diante do envolvimento de ministros ou assessores próximos com a malversação de dinheiro público.

Ao assumir, no afastamento de Dilma Rousseff decidido pelo Senado, Temer foi logo testado com as primeiras revelações de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, enquanto acertava sua delação premiada com o Ministério Público.

O ex-senador Machado cumpriu papel de homem-bomba ao gravar conversas comprometedoras no núcleo do poder. Temer chegou a titubear assim que circularam diálogos em que o ainda ministro do Planejamento Romero Jucá, senador peemedebista por Roraima, licenciado, defendia um pacto delirante pelo qual Executivo e Supremo trabalhariam para abafar a Lava-Jato. Apesar da visível resistência do Planalto a demitir Jucá, ele foi exonerado.

Depois, viria o caso do ministro da Transparência, ex-CGU, Fabiano Silveira, também defenestrado por ser vítima do gravador de Machado. E pelo mesmo delito: conspirar contra a Lava-Jato, apoiada incondicional e publicamente pelo presidente interino.

Temer fez certo até aqui, mas ele começa agora a enfrentar testes mais duros, porque se amplia a divulgação de fatos nada republicanos em torno da cúpula do próprio PMDB. O procurador-geral, Rodrigo Janot, por exemplo, acaba de pedir abertura de inquérito sobre Renan Calheiros, Jucá e até o ex-presidente de José Sarney, este já sem foro especial.

Machado, em depoimento, revelou que subtraiu dos cofres da Transpetro R$ 70 milhões para distribuí-los entre Renan, Jucá e Sarney. Outros beneficiados foram os também senadores peemedebistas Edison Lobão (MA) e Jader Barbalho (PA). E há, ainda, o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, ligado à corrupção do petrolão, segundo Rodrigo Janot, e que por isso pediu inquérito sobre ele. Existe, também, a titular da Secretaria das Mulheres, Fátima Pelaes, investigada por desviar dinheiro de emendas parlamentares. Temer ontem decidiu mantê-los. Deveria pensar melhor.

Em entrevista à “Folha de S.Paulo”, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que está acertado no governo que todo atingido pela Lava-Jato terá de pedir demissão. Caso contrário, será demitido. Deve valer para qualquer outro caso de corrupção.

É a melhor postura. Porém, a decisão tomada por Temer com relação a Henrique Alves e Fátima Pelaes é preocupante. O governo anda equilibrando-se no arame: necessita de votos para confirmar o impeachment e aprovar as reformas imprescindíveis, mas não conseguirá se manter se compactuar com a corrupção.

(Editorial do jornal O Globo)

Comentário do programa – Entendemos que a simples denúncia pelo Ministério Público não justifica o afastamento de uma autoridade. Já houve casos em que o próprio relator do processo no STF deixou de acatar a denúncia por entender que não havia elementos suficientes para condenação do denunciado. O afastamento de uma autoridade deveria acontecer a partir do momento em que ele se tornasse réu. (LGLM)

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

2 thoughts on “Temer tem de ser inflexível com a corrupção

  1. Gervasio Leite Filho Leite

    Luiz, boa noite, estamos em mar de lama, com os políticos e a economia que temos, o Brasil da vergonha

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