Para um cientista ou pesquisador que conhece a patologia muscular, a aposentadoria simplesmente não existe. Como bem se sabe, os idosos que param de trabalhar normalmente adoecem e vão a óbito precocemente. A patologia muscular é categórica neste assunto. Primeiro, porque o princípio de qualquer ser vivo é o movimento. Segundo, porque a inatividade cursa com atrofia muscular, especialmente nos humanos, das fibras musculares do tipo 2. Além do trabalho, os idosos (pessoas com mais de 60 anos) deveriam praticar atividades físicas aeróbicas, para manter o metabolismo das fibras do tipo 1, e anaeróbicas, para as fibras do tipo 2.
Se fosse bem assimilado por nós, este simples conceito da patologia muscular poderia resolver o problema de centenas de países que já não conseguem fechar a conta com os aposentados e que, com o aumento da população mundial de idosos, se transformarão em um sistema caótico, produtor de moléstias e de desperdício de dinheiro público.
Filosoficamente, nós sabemos também, em relação à felicidade humana, que não basta só amar, é preciso trabalhar. Foi a natureza que nos fez assim. Ela não aprova a inatividade e exige de nós criação e trabalho até o último segundo de nossas vidas.
Em resumo, os sistemas públicos de saúde teriam duas extraordinárias vantagens. Primeiro, com o fim da aposentadoria indiscriminada. Segundo, com a apologia ao trabalho, diminuiríamos a sinistralidade por conta do declínio da incidência das mais variadas doenças, contribuindo para uma sociedade sã e feliz.
(Beny Schmidt é chefe do Laboratório de Patologia Neuromuscular e professor adjunto da disciplina de Patologia Cirúrgica da Unifesp).