O São João de Patos exige um terreiro maior. Futuro prefeito tem que pensar uma solução.

By | 25/06/2016 6:23 pm

 

((Luiz Gonzaga Lima de Morais, no Patos Online)

O tímido São João que se fazia em Patos, no século passado, não tinha condições de rivalizar com o tradicional São João de Santa Luzia. Até que o prefeito Dinaldo Wanderley resolveu resgatar a nossa tradicional festa e fazer dela um evento turístico. O local escolhido foi a rua Epitácio Pessoa, ao lado da Praça Getúlio Vargas. E o nosso São João passou a concorrer com o São João de Santa Luzia. Este fervilhava durante o dia, lotando  seu palhoção. Mas ao final da tarde se formava uma procissão de veículos vindos para o São João de Patos. O São João tradicional de Santa Luzia, feito na rua, atraía durante o dia, mas o São João de portas fechadas do Yayu Clube de Santa Luzia, na parte da noite, não tinha condições de concorrer com o São João de Patos, feito com grandes artistas e bandas, em praça pública. O São João tradicional de Santa Luzia continua, principalmente durante o dia no Palhoção e, durante a noite, em cada casa, em cada família.

E o São João de Patos foi se consolidando e crescendo. Tornou-se o Melhor São João do Mundo. E o antigo local ficou pequeno e desconfortável pois atrapalhava o trânsito de uma das principais avenidas da cidade. Descobriram um local bem mais amplo que servia muito bem para acolher o São João. E o apelido virou nome que consta hoje de qualquer mapa turístico que se preze: Terreiro do Forró. Era a maioridade do São João de Patos.

Só que a maioridade trouxe a grandiosidade e custear o São João ficou quase impraticável para a Prefeitura, que até então bancava quase a totalidade das atrações, ajudada pelos empresários locais. Durante algum tempo vieram recursos do Governo Federal, que foram ficando cada vez mais insuficientes para bancar a festa. Foi aí que surgiu a ideia de privatizar o São João. Houve críticas, que ainda acontecem agora. Para uns a prefeitura financiava a infraestrutura para um evento em que os particulares é que se locupletavam. Mas a festa continuava aberta e os financiadores se ressarciam com os camarotes. Há algum tempo inventaram um “curral” na frente dos palcos, com cobrança de ingressos, impedido o tradicional “gargarejo”.  Mas a festa continua a atrair milhares de turistas. Sua duração foi reduzida, para diminuir as despesas, mas continua vindo gente de muito longe para curtir os agora cinco dias da festa. Falam em noventa mil forrozeiros no Terreiro do Forró, o que acho quase impossível pelo tamanho do espaço, mas pelo menos metade disso se acotovela no local, a cada dia, durante tudo o período de realização do evento.

Outra crítica que se faz é por conta das atrações contratadas. A presença dos chamados “sertanejos”, certamente, descaracteriza a festa, mas, não fora estes, muitos turistas seriam desviados para Campina Grande. A crise este ano parece que até fez uma depuração nos artistas contratados, apesar de alguns “safadões”. Pinto do Acordeon e alguns conjuntos da região ainda garantem a tradição junina, mas alguns bons nomes locais do “forró-pé-de-serra”, entre os melhores, ainda ficam de fora por implicâncias políticas. E fazem falta.

O São João de Patos está consolidado, mas a cada ano se torna mais urgente a escolha de um outro local, que abrigue com mais conforto o público que a cada ano se torna maior. Não só com mais conforto, mas também com mais segurança. Pessoas que entendem de segurança em locais de eventos se preocupam com a pouca segurança existente no atual Terreiro do Forró para o caso de um tumulto. De um “estouro de boiada”. As vias de escape são insuficientes para uma multidão muitas vezes superior a cinquenta mil pessoas. A Providência tem sido bondosa conosco pois nenhum incidente surgiu ainda que provocasse um tumulto. Mas no dia que acontecer (que Deus nos livre e guarde) haverá muito o que deplorar.

Por isso torna-se urgente construir um Terreiro do Forró, maior do que o atual e dotado de saídas que garantam a evasão do público em segurança, em caso de necessidade. Por isso, seria interessante que os atuais candidatos a prefeito já começassem a pensar e discutir com o eleitorado este problema. A realização do São João é importante para Patos. Pelos recursos financeiros que por aqui circulam durante a festa e pela divulgação que se faz da cidade. E um novo local seria destinado não só para esses como para outros grandes eventos, profanos e religiosos. Já está na hora de se pensar em um novo terreiro do Forró. Por que não alocar, por exemplo um novo espaço na Alça Sudeste, onde há muitos espaços livres, onde o acesso é fácil e onde a prefeitura parece que já tem áreas próprias, como uma que teria sido retomada de um grupo a quem foi feita uma doação e que não fez edificações dentro do prazo que lhe foi deferido.

Não serve a desculpa da falta de recursos. Adquirido o terreno, bastaria asfaltá-lo e iluminá-lo e as restantes estruturas iriam sendo feitas aos poucos. Até se poderia pensar numa futura Arena como já existem até em cidades menores do que Patos. Uma grande Praça de Eventos. Existem outros espaços que poderiam ser escolhidos para um futuro Terreiro, embora me pareça que uma das melhores localizações seria na Alça, com acessos fáceis de toda parte, numa área mais destinada a estabelecimentos empresariais do que a residências, cujo sossego se possa perturbar. E o Terreiro poderia atrair até um polo empresarial para a região. A cidade só tem a ganhar com isso. O turismo, o comércio, os serviços de hotelaria, os vendedores ambulantes, os prestadores de serviços os mais diversos. Quanto maior o local, maior a festa, maior a quantidade de gente trabalhando, maior quantidade de dinheiro circulando. Mais emprego e mais renda.

PS. Conforme soube recentemente, a Construtora HEMA, de João Pessoa, adquiriu o terreno onde funciona o Terreiro do Forró, e pretende iniciar em breve obras naquele local. O futuro prefeito de Patos tem que pensar, urgente, em um novo Terreiro.

 

Artigo anterior: PMDB descarta Francisca e lança Nabor Wanderley como pré-candidato a prefeito de Patos

 

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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